25/09/2009

Sondagens e Campanhas

Apesar do volume de sondagens feitas no período que antecede estas legislativas, e para as quais fiz uns gráficos de variação (evolução) para melhor análise, é preciso deixar claro o seguinte: as sondagens não são previsões!
Não será de espantar se os resultados finais se revelarem, em alguns casos, bastante mais além das margens de erro apresentadas pelas empresas e centros de sondagens (a mais baixa de 1,75% e a mais alta 3,58%) pois um dado importante em todos estes estudos de opinião foi a elevada percentagem dos "Não Sabe/Não Responde".

A campanha eleitoral.
Foi melhor a pré campanha do que a campanha eleitoral. A razão é simples: na pré campanha foram apresentados, discutidos e desmistificados programas eleitorais (uns mais que outros) pelo seu maior ou menor conteúdo e na campanha eleitoral as ideias ficaram para trás sendo que o centro da discussão foram casos, pseudo-casos, coligações imaginárias ou maledicência.

CDU - Humildade do seu líder. Jerónimo de Sousa consegue cativar pela simpatia. Pena que o discurso se repita.

BE - A desconfiança no programa do BE começa na pré campanha com a questão dos benefícios fiscais que pretende eliminar. A questão dos dirigentes do partido que apostaram em PPR's e em acções na bolsa (outra bandeira do partido) também não ajudaram a manter a imagem que Louçã, directamente envolvido, transmitia de seriedade e coerência.
Ficaram por explicar os custos, formas e consequências das nacionalizações propostas.
Já agora, «Fim de rodeos», essa actividade tão portuguesa, é na verdade uma proposta do BE - página 76!

CDS-PP - Portas soube explorar a sua imagem, a questão da segurança (ou a falta dela) e o RSI. Atacou os partidos da esquerda e ainda o PSD, este último sempre com muito jeitinho não vá ter que se coligar novamente.
Demasiadas propostas demagógicas.

PSD - Um partido que conseguiu em ambos os períodos (pré campanha e campanha) mostrar-se pouco preparado para ser alternativa. Muitas contradições e incoerencias, o repetitivo discurso da "asfixia" (com dois monumentais tropeções: a asfixia democrática que não existe na Madeira mas existe no continente e o caso das escutas que afinal não tiveram qualquer interferência do Governo). Ainda o "caso TVI", onde apenas existem suposições mas que são usadas como certezas, demasiadamente usado esquecendo o caso TVI/Marcelo Rebelo de Sousa onde o PSD foi protagonista principal; a desculpa despropositada de que o TGV interessa mais aos espanhóis e que as obras públicas contribuem certamente para dar emprego a ucranianos e cabo-verdianos; enfim, um rol de atrapalhações e aberrações que não contribuem certamente para credibilizar o (vago) programa eleitoral do partido assim como transmitir confiança ao eleitorado (ou pelo menos uma parte dele).
Julgo que escapou aos olhos dos jornalistas que tanto gostam de "casos" a pouca importância que a líder do PSD deu a Pedro Passos Coelho que, apesar de afastado por esta, apareceu na campanha.
A inclusão de candidatos acusados de corrupção e a forma como as listas foram elaboradas (afastando as vozes discordantes) não contribuiu em nada para a suposta "Política de Verdade" do PSD.
No meio de tudo isto, ficaram por apresentar as propostas e soluções do PSD para Portugal.

PS - Uma grande máquina de campanha a funcionar. Sócrates centrou-se na apresentação do trabalho realizado em 4 anos e no que pretende para os próximos 4. Deixou para outras figuras os principais ataques à oposição. Marcou pontos quando conseguiu encostar o BE à extrema esquerda desmontando parte do programa eleitoral e beneficiou ainda com a denúncia da eventual tentativa por parte da presidência de encomendar notícias que colocariam em risco a imagem do Governo (acentuada com o afastamento dum elemento da Casa Civil por iniciativa do Presidente da República).
O "caso TVI", sem que haja qualquer dado factual que comprove a relação PS/Governo com a situação, demagogicamente aproveitado, e a opinião de Mário Soares sobre eventuais coligações (quando para qualquer dos partidos o tema estava encerrado) pode ter custado ao PS alguns votos durante este período eleitoral.
Não obstante a união no PS conseguida nesta campanha, as medidas implementadas (e necessárias), nem sempre da melhor forma, nos 4 anos deste Governo custaram certamente a renovação da maioria absoluta.
São as vicissitudes de se implementar reformas que englobam os "poderes instalados" e a resistência natural do ser humano à mudança (mesmo antes de saber quais as consequências dessa mudança).


Ainda assim, é importante votar. Mas mais importante é votar em consciência. É necessário distinguir a realidade da demagogia e da utopia.
Acho que, apesar de ter sido uma má campanha eleitoral com consequências para imagem da classe política, ficaram claros os caminhos que cada partido pretende para Portugal.
É necessário escolher e escolher bem!
As cartas estão na mesa... os trunfos estão à vista!



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