07/09/2009

Debates - Vira aos 5...

A primeira parte dos 10 debates que antecedem as legislastivas de 2009 está concluída. Verdade seja dita que de debate tem muito pouco. É mais um frente a frente do que outra coisa qualquer até porque o modelo escolhido não promove uma verdadeira discussão de ideias e propostas.

Esta é a minha visão dos primeiros 5 "encontros":

Sócrates vs Portas
- Esperava um "debate" forte e agressivo e rico em discussão. Como referi antes, o modelo de debate não deu liberdade a essa discussão e serviu, em algumas das vezes, para os candidatos se refugiarem evocando a necessidade de respeito pelas regras.
Falou-se muito do passado e pouco do futuro. Discussão parca em ideias para o futuro. Muita demagogia na contra-argumentação das iniciativas aplicadas pelo Governo.
Ficou ainda por explicar por que razão uma das bandeiras eleitorais do CDS-PP contra o actual Governo foi aprovada com os votos do partido de Paulo Portas.

Louçã vs Jerónimo
- Confesso que já o apanhei quase a meio, mas fiquei com a impressão que não perdi muito. Alguma convergência nas ideias e com os ataques dirigidos unicamente ao Governo e ao PS com o objectivo claro de chamar assim eleitores do espectro socialista.
Tanto BE como PCP, e na sequência dos programas eleitorais que apresentaram, podem dar-se ao luxo de defender teorias e ideias que agradam ao ouvido do eleitorado pois claramente são partidos, e disso têm noção, que dificilmente se verão na posição de ter que formar um Governo.
De debate, pouco ou nada houve, ainda que a moderadora tenha espicaçado os dois candidatos ao contraditório.
É de facto mais fácil à distância, e para os órgãos de comunicação social, atacar adversários da mesma ala política em vez de o fazer olhos nos olhos.
Julgo que perderam aqui uma excelente oportunidade de clarificar ou acentuar as diferenças entre os dois partidos. Imperou uma estratégia calculista.

Sócrates vs Jerónimo
- Um frente a frente tranquilo e sem grades confrontos. Não interessa a José Sócrates hostilizar os militantes comunistas. Jerónimo de Sousa também optou pela prudência na escolha das palavras, seguramente para não fechar as portas a um possível futuro entendimento (pelo menos parlamentar).
Esta tónica calma e delicada, onde só o código do trabalho serviu para amornar a discussão, deveu-se seguramente à estratégia do líder socialista, logo no início, em estabelecer como alvo dos ataques políticos os partidos da direita.
Notou-se que Jerónimo se encontrava mal preparado para a discussão dos problemas e por isso teve de se socorrer dos chavões comunistas que facilmente ficam no ouvido sem que se saiba muito bem o seu significado. Sócrates, naturalmente, beneficiou com disso.

Ferreira Leite vs Louçã
- Esperava mais de Louçã e menos de Manuela Ferreira Leite. Conciso nas ideias conseguiu com que um dos argumentos de Manuela Ferreira Leite fosse um «é a vida!». Uma vez mais, defendendo medidas mais radicais e só possiveis de defender porque não formará Governo, logo não as poderá nunca aplicar, colocou a sua opositora algumas vezes em situação de fraca contra-argumentação.
Foi uma discussão de ideologias, bem aproveitada pelo candidato do BE.
Um aspecto interessante, e com pouca ressonância na comunicação social do dia seguinte, foi o facto de MFL ter admitido o sucesso da sustentabilidade e viabilidade conseguidas na Segurança Social pelo actual Governo. Ficámos também a saber que o que não consta no programa eleitoral do PSD não será mexido. Ou porque está bem ou porque não é prioritário mexer. Se não se fala, então não se mexe.
Preocupam-me estas omissões e a falta de clarificação de ideias no que concerne a determinadas áreas... fica-se sem saber claramente qual a visão do PSD para determinados sectores da sociedade.

Jerónimo vs Portas
- Este era o debate onde não esperava nada de novo. E assim aconteceu.
Uma vez mais, Jerónimo de Sousa pouco à vontade e naturalmente voltaram a emergir chavões como «aparelho produtivo», «bem de Abril» ou «programa constitucional». Tentou direccionar a atenção o discurso contra o Governo. Foram poucas as vezes em que tentou espicaçar a direita ou o CDS-PP. Muito bem quando lembrou a Paulo Portas que embora não tenha sido Ministro da Saúde ou da Agricultura, teve responsabilidades no anterior Governo e por isso tem que assumir responsabilidades no legado que deixou em 2005.
Já Portas aproveitou bem as fragilidades demonstradas pelo seu opositor. Sentiu-se como peixe na água explorando muito bem o tempo de antena que teve. Seguro, definiu como seu adversário directo José Sócrates e Jaime Silva (Ministro da Agricultura). Sustentou sempre a sua argumentação em exemplos, ainda que por vezes empolados.
Dirigiu-se essencialmente ao eleitorado do "centrão" e, com a apresentação de soluções (poucas) que me parecem algo demagógicas, deverá ter conseguido despertar a atenção em algum eleitorado do grupo dos "Não Sabe/Não Responde". No entanto não me parece suficiente para conseguir obter mais votos para o CDS-PP.
Ficaram patentes a convergência na identificação dos "problemas" e divergência na aplicação das "soluções".


Vamos ver o que nos reservam para os próximos 5 frente a frente.

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