27/02/2010

Quem disse foi: Basílio Horta


«Agora estamos mesmo a passar um período que, se não é loucura, é muito próximo dela. Mais grave do que loucura é haver alguma inconsciência. Já não falando no Estado de Direito, qualquer Estado se baseia no mínimo respeito pelas instituições. E o que está a acontecer em Portugal, nesta altura, é que o primeiro-ministro é objecto, na Assembleia e fora dela, de ataques pessoais.»

[...]

«E temos em carteira investimentos importantes, espero que não sejam prejudicados com este tipo de imagem externa que estamos a dar. Já começámos a ser prejudicados no 'rating' da República. E discursos dizendo que Portugal não é um Estado de Direito no Parlamento Europeu, na presença de jornalistas de todo o mundo, não ajuda nada no nosso trabalho, nem o país.»

[...]

«O senhor primeiro-ministro não é arguido, não é testemunha, não é nada. A análise e críticas políticas não se podem basear permanentemente num ataque pessoal.»

[...]

«Se os partidos da oposição não querem substituir o primeiro-ministro, então respeitem-no.»

[...]

«O que era importante era que se houvesse alguma iniciativa para estabilizar, que lhe desse um horizonte, que fizesse o Governo preocupar-se a 90%, para não dizer a 100%, com os negócios de Estado e não perdesse tempo com críticas e ataques que têm a ver com a actuação política das pessoas, que resulta de meios de legitimidade duvidosa.»

[...]

«A fase que estamos a viver é atípica. Se o Governo não tivesse lançado um plano de apoio às empresas teríamos um problema gravíssimo.»

[...]

(E agora para desmistificar algumas afirmações de líderes políticos)
«O que está previsto é inteligente. Ou seja, o crédito é dado [a empresas com dívidas] uma parte para pagar a dívida e outra para a empresa. Ou seja, o Estado não abdica de cobrar o que lhe é devido mas não inviabiliza a empresa de ter o seu crédito.»


O resto da entrevista (muito interessante) ao presidente da Associação para o Investimento e Comércio Externo de Portugal pode ser lida na edição de sábado do Diário Económico (no suplemento Outlook)

Ed Ulbrich: How Benjamin Button got his face

Não vi o filme. Este pequeno vídeo (cerca de 18 minutos) fez despertar a curiosidade, pela tecnologia envolvida e pioneira.

26/02/2010

Homenagem a Bocage

Soneto do Pau Decifrado


É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,

Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:

Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:

À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carualho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.


Tragédia na Madeira

Este pequeno excerto do programa Biosfera data de Abril de 2008.
Será que este vídeo mostra que há "adivinhos" ou (contrariando as palavras de Alberto João Jardim) que há, de facto, pessoas com «formação», que «percebem do que falam» e que afinal tudo o que ele construiu contribuiu para aquilo que ali (infelizmente) se passou.

Cada vez mais me convenço que, em contradição com o que diz AJJ, o que ali se passou podia ter tido menor dimensão não fosse grande parte das obras que ele ali realizou.

Continuam-se a cometer este tipo de erros sistematicamente. Penso que quem detém o poder terá que perceber que muitas das vezes as pessoas quando se mostram contra algumas das ideias ou concretizações não é só para serem do contra ou para embirrar. Alguns até percebem e sabem do que falam.

Vamos ver se desta vez alguém aprende alguma coisa. Que a desgraça das pessoas que ali padeceram ou que se viram despojadas dos seus pertences sirva, pelo menos, para alertar algumas consciências.



Hesito...

25/02/2010

Investigação... mais ou menos!


Agora já percebo porque é que a Felícia Cabrita disse na Comissão de Ética que para enganar a judiciária, os escutados mudaram radicalmente o discurso para tentar envolver Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva.

Mas será que era mesmo para enganar a polícia? Os escutados começaram mesmo a inventar histórias para desviar atenções?
Não é isso que parece resultar da notícia do DN hoje:
«Ferreira Leite confirma que sabia do negócio PT/TVI»

Impressão minha ou começam a verificar-se algumas contradições na pseudo-investigação da Sra. pseudo-jornalista com um prémio de carreira?
Ui... querem lá ver!?

Começo a ficar ansioso pelo desfecho...

O resto da notícia aqui.


22/02/2010

Momento de reflexão I

«A Força não faz aumentar a Razão ou Direito; mas talvez seja impossível passar sem ela para conseguir que a Razão e o Direito sejam respeitados»


Louis Antoine Léon de Saint-Just (25.08.1767 - 28.07.1794)


21/02/2010

Alguém vai ter que se retratar

Paulo Rangel disse:



«Da forma que estamos a andar, Portugal já não é um Estado de direito, é um Estado de direito formal onde o Primeiro-Ministro se limita a formalidades, a procedimentos e formalismos e não quer dar explicações substanciais.»



Pinto Monteiro (Procurador Geral da República) escreveu:

«Não encontrei, nem nenhum dos magistrados que comigo colaboraram encontraram indicios que apontem para o cometimento do crime de atentado ao Estado de Direito, que não foi certamente previsto para casos como este.

[...]

Eventuais propostas, sugestões, conversações sobre negociações que, hipoteticamente, tenham existido no caso em apreciação, não têm idoineidade para subverter o Estado de Direito. Poderão ter várias leituras nos planos político, social ou outros, mas isso não corresponde, necessariamente, à constituição de crime.

[...]

Escutas essas julgadas criminalmente irrelevantes.

[..]

... não existem quaisquer indícios juridicamente relevantes e válidos que apontem para a existência de um atentado ao Estado de Direito.

[...]

... a divulgação total e completa das escutas (e não partes ou arranjos), se fosse permitida - que não é - mostraria que não existem indicios de crime contra o Estado de Direito.

[...]

É também importante dizer que o chamado caso das escutas, no processo Face Oculta, é neste momento meramente político. Pretende-se conseguir determinados fins políticos utilizando para tal processos judiciários e instituições competentes.»


Parece-me que alguém quis "romper" e acabou borrar a pintura toda. Há alguém que se precisa de retratar!


Hesito...


20/02/2010

Uma grande cabeçada

Muito interessante o artigo de opinião de Nicolau Santos no Expresso (Economia) da semana passada (13/02/2010) sobre a reviravolta das agências de rating nas opiniões emitidas sobre Portugal.

«[...] de um dia para o outro, aquilo que o ministro das Finanças e alguns esforçados escribas andavam a dizer - que nós não somos a Grécia - entrou nas duras cabecinhas dessa gente, do comissário europeu Joaquín Almunia às agências de rating e aos analistas que têm uma abóbora na cabeça e uma calculadora dentro dela. E não só entrou, como justificam agora porque é que mudaram de posição. »

O resto pode ser lido aqui.

Conjugação verbal ou acordo ortográfico?

O nosso PR ganhou o hábito de surpreender a malta.
Ora é o mastigar dum "bolo-rei", ora é um discurso que o povo não compreende (e ainda falavam do Sampaio).

Agora saiu-se com uma nova conjugação do verbo "fazer":
«Há uma coisa que um Presidente da República nunca pode fazer que é de comentar em público a vida dos partidos políticos. Nunca o fiz, não faço, nem FAÇAREI. [...]»

A TSF tem o registo fonográfico aqui.

Lapso ou será que isto também já faz parte do novo acordo ortográfico?!

Haja ainda alguém na política que nos faça rir de vez em quando.

"Xôr" Presidente, descanse, todos nós de vez em quando, pelo menos uma vez na vida, assassinamos a língua portuguesa.

Um vazio na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura

A audição da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura com Felícia Cabrita resume-se em poucas palavras:
muitas conjuras, especulações, suposições, opiniões e nenhuma concretização ou evidência.

Não me admira nada disso na pessoa da Sra. jornalista (que pelo menos ficámos a saber que é jornalista premiada, reconhecida na classe, com prémio de carreira e até escreve livros).

Mas pior foi o Sr. deputado João Oliveira do PCP (onde é que vão desencantar estes personagens?!) que ao contrário dos deputados de outros partidos que colocaram questões na sua maioria concretas, e a maior parte delas ficaram sem resposta, limitou-se a colocar questões especulativas como relações entre o BCP e a situação financeira da Controlinveste (recordo que a Sra. escreve contos para o semanário SOL que pertence a outro grupo), a relações do Governo com a TVI, com o DN, grupos «economicofinanceiros», etc. Enfim, um rol de situações sem objectividade com o assunto em discussão e que, naturalmente, agradou à Sra. por pertencerem ao reino da subjectividade.

Parece-me que, nesta audição, a Comissão de Ética , Sociedade e Cultura perdeu o seu tempo com alguém que, além de ter insinuado que os deputados, ou alguns deles, que além de lentos na compreensão daquilo que explicava seriam racistas motivando um puxão de orelhas do presidente da Comissão, se julga intelectualmente acima de qualquer outro, até mesmo dos «doutores de leis». Pois para ela todos os «factos se confirmam», «tudo se confirma» e o plano que "denunciou" seria executado com uma «técnica apurada».

Só posso concluir que afinal o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e o Procurador Geral da República andam a "dormir na forma". Ou isso, ou então alguém terá que encontrar outra forma de explicar à Sra. a situação porque com palavras, entrevistas, despachos e comunicados ela não percebe.

O SOL, que «publica escutas e nunca disse que tinha escutas» (curioso paradoxo), a nível de marketing parece-me mesmo muito bom mas no que diz respeito à coerência e credibilidade deixa muito a desejar.

Houve uma pergunta colocada à Sra. que me pareceu pertinente e que ficou (também) sem resposta: «visto que o SOL ao publicar excertos de escutas violou o segredo de justiça, em vez de excertos porque não publica as escutas na integra?»

Julgo que a ideia é boa e serviria para o leitor interessado poder formar a sua própria opinião em vez de seguir a opinião formada por outros.
Talvez não fosse tão lucrativo mas, e já que se fala tanto em transparência, seria uma excelente forma do semanário SOL contribuir para a clarificação da situação e da alegada existência do tal plano.

NOTA: Como não sou grande adepto de reality shows, e por uma questão de princípio, não tenho qualquer interesse em ler ou ouvir qualquer exposição de conversas privadas.


17/02/2010

Coisas do passado

Há coisas que são sempre actuais e por isso nunca se conseguirá dizer que são coisas do passado.

Este últimos dias não temos visto na ("amordaçada") comunicação social outra coisa senão planos, estratégias ou teorias sobre como o Governo pretendia absorver, em parte ou na sua totalidade, empresas ligadas à imprensa para assim controlar os seus conteúdos ou mesmo eliminar "personagens" incómodas ao PS e o Governo.

Pessoalmente, e já aqui o manifestei, custa-me um pouco a acreditar que esse "plano" existisse. Mas também não sou ingénuo o suficiente para não saber que existem formas dos governos se manterem "próximos" da comunicação social.
Não é por acaso que vemos hoje, e vimos no passado, alguns jornalistas que suspendem a sua profissão e assumem cargos de assessoria nos gabinetes do Governo e Presidência.
E não há nenhum mal nisso!
O mal é quando os jornalistas no activo se deixam influenciar pelos assessores ou quando esses jornalistas se colocam num pedestal e tentam ser "mais papistas que o Papa" esquecendo a função principal do que é ser jornalista para passar a usar um meio de comunicação para emitir opiniões eu situações do "ouvi dizer".

Dois exemplos flagrantes disso, de pessoas que perderam a noção do que é ser jornalistas e se assumiram como comentadores e fazedores de opinião usando espaço nos média que deveriam ser ocupados com outros conteúdos, são Manuela Moura Guedes e Mário Crespo.

E para quem acha que não há "Liberdade de expressão" veja a capa de hoje do jornal "o Diabo" e depois reflicta.
Já agora, seria importante que se entendam verdadeiramente as diferenças entre "liberdade" e "libertinagem".

Penso também que está na altura dos órgãos de comunicação, e os grupos que os detêm, assumirem de uma vez por todas as suas tendências políticas. Já acontece noutros países e não se têm dado mal com isso.
Um acto que contribuiria para uma maior justiça para o "consumidor" de notícias ficando este a saber com que contar quando compra um jornal, ouve uma rádio ou vê uma televisão.
Assumam-se de esquerda, centro, direita, ou independentes. Isso tornaria a situação da comunicação social muito menos nebulosa.

Mas tudo isto faz-me pensar. Pior. Faz-me recordar.
Lembro-me de governos que tentaram acabar com a Alta Autoridade para a Comunicação Social porque dava pareceres contra as intenções do Governo para a RTP; lembro-me de governos que correram com comentadores políticos (e não só) de televisões privadas porque emitiam opiniões contra o partido do governo (e ao qual ele pertence também); lembro-me da criação de notícias por parte de assessores sobre alegadas escutas na Presidência; lembro-me de lideres partidários que defendiam que não deveria ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite; e lembro-me da tão falada "asfixia democrática".
No entanto, tudo isso foi esquecido e nada disso passou por comissões de ética ou outras quaisquer... tudo isso promovido por quem hoje defende a existência dum plano para tomar conta da comunicação social.

Atenção que não estou com isto a dizer que lá por que outros o fizeram agora este ou os próximos governos o possam fazer também. Nada disso.
O que não gosto é que as pessoas apontem para o umbigo dos outros sem que primeiro olhem para o seu.
Já diz o povo: «se tens telhados de vidro não mandes pedras ao telhado do vizinho»!

Mas uma coisa é certa: se esse plano existiu (o que me custa a acreditar) então significa que o Governo e José Sócrates ainda têm muito que aprender.
Se havia de facto essa intenção então deveriam ter posto os olhos no Alberto João Jardim que "cala" a comunicação social, ainda que à conta do erário público, mas de forma mais súbtil e sem estardalhaço (e já que falo nisso, também não vi qualquer comissão de ética a pronunciar-se sobre o assunto):

«a EDN - Empresa Diário de Notícias, detida maioritariamente pelo Grupo Blandy, não dá sinais de recuo e responsabiliza a crise, Alberto João Jardim e a concorrência desleal do "Jornal da Madeira" ("JM"), pela actual situação financeira da empresa
[...]
sofreu um forte agravamento a partir do ano de 2008 pela circulação gratuita do 'JM' e pelo aumento da sua tiragem para 15 mil exemplares por dia, pagos pelo erário público à razão de 10 mil euros por dia"
[...]
o objectivo do presidente do Governo Regional é óbvio: "Liquidar o 'DN-Madeira'", acusa, acrescentando que em tempos Alberto João Jardim afirmou publicamente que iria "expropriar a EDN"»

(o resto da notícia aqui)

Vá lá perceberem-se certas coisas...


12/02/2010

É necessário um esclarecimento cabal!

Nestas últimas semanas não temos ouvido outra coisa se não de sucessivos pedidos de «explicação cabal», «comissões de inquérito», e de «justificações» sobre a teoria de que este Governo papão quereria tomar conta da comunicação social portuguesa (pois agora diz-se que eram só um ou dois jornais e uma ou outra rádio).
Curiosamente não ouvi qualquer pedido de «explicação cabal» dos partidos políticos e seus oradores, ou mesmo um pedido de «investigação profunda», sobre a continuada quebra do segredo de justiça!
Mas isso são outros quinhentos... ou como diria a Teresa Guilherme «mas isso agora não interessa nada»!


Aquilo que eu ainda não consegui entender, quiçá por preguiça intelectual ou uma visão muito redutora da coisa, está relacionado com a dimensão da estupidez das pessoas:

1 - ou é grande naqueles que inventam uma intentona ditatorial sem qualquer fundamento, pois julgo que até à data apenas aparecem transcritas conversas privadas de terceiros que nada tiveram ou têm a ver com o Governo, sendo que parecem não existir quaisquer provas de que de facto haveria um plano eminente;

2 - ou é grande num Primeiro-Ministro e em Ministros que, acabados de sair vencedores com maioria absoluta em 2005 e vencedores com maioria relativa em 2009, quereriam controlar órgãos de comunicação social. E com que objectivo?! Se a maioria do eleitorado esteve e continua a estar do seu lado para quê controlar órgãos de imprensa?

A sério que não consigo perceber (se calhar por que não leio o jornal SOL pejado de sobras do PSD)!
Há aqui qualquer coisa que não bate certo...

E já agora, peço também que me elucidem, a PT não é uma empresa que procura o lucro?
Não tem accionistas?
Será que a intenção da PT em adquirir capitais de empresas ligadas à Comunicação Social não tinha nada a ver com a procura de obtenção de lucros para a PT?
Ou será que só nos lembramos que a PT quer ter lucros quando nos chega a casa a conta do telefone e da Meo?!

Já começa a faltar a paciência para tanta estupidez junta... não me lixem!

Mas uma coisa é certa: com esta história, lá nos esquecemos que o Sr. Jardim (o da Madeira) vai receber mais uns trocos resultante dos impostos da malta do continente... Ele endivida a região autónoma (de forma pouco transparente) e a malta cá ajuda a pagar!

Reconheço também que a campanha publicitária do Sol para vender jornais tem estado a resultar...

Há uma célebre frase que em Portugal, seja qual for o caso, se verifica ter enorme sustentação:
«A estupidez é bem mais fascinante que a inteligência, pois a inteligência tem limites. A estupidez não.»

Irra...


11/02/2010

A não notícia!

Estive a ver com alguma atenção a entrevista que Judite de Sousa fez ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento.
(De entrevista teve muito pouco. Mais parecia um interrogatório.)

Diverti-me com alguns atestados de estupidez e incompetência que Noronha Nascimento passou a alguns jornalistas... por uma ou duas vezes também a Judite de Sousa levou o seu recado.
Já a vi ter muitos ataques de "limitação intelectual", mas hoje abusou... pareceu-me que em algumas alturas Noronha Nascimento sentia que tinha de partir para o desenho para que a entrevistadora percebesse o que ele estava a dizer (com a parte das razões porque teria de ser o Pres. do Supremo Tribunal de Justiça a pronunciar-se sobre aquelas escutas em questão apenas e não sobre outras foi por demais!!).

Mas para mim, o ponto alto foi mesmo o fim. A forma como termina a entrevista foi deliciosa:
(e cito de memória) «[...] ficámos com uma notícia importante, o facto de, nas escutas em que o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça teve de se pronunciar, o nome do Presidente da República não ter sido referenciado.»

(Na verdade, para a comunicação social é uma notícia importante porque é má!... Lá se acabou a possibilidade de "indiciar", "julgar" e "acusar" alguém que não tem nada a ver com o assunto)

Do vinho do Porto (assim como de algumas outras coisas) costuma-se dizer que «quanto mais velho melhor»... o mesmo já não se pode dizer de alguns profissionais do jornalismo.

Hesito...

Novo D. Sebastião ou Oportunismo?

Se há uma coisa de que Portugal continua à espera desde o séc. XVI é do D. Sebastião.
Se há uma coisa de que Portugal está cheio é de oportunistas.

Agora fico na duvida...

Em 28 de Maio de 2009, o designio de Paulo Rangel era taxativamente cumprir o mandato de Eurodeputado até ao fim:
«Não tenho mais nenhum plano senão esse. »
In Jornal de Notícias


Em 11 de Janeiro de 2010, Paulo Rangel não era candidato à liderança do PSD e nem queria alimentar intrigas:
«Paulo Rangel já disse não ser candidato a líder»,
In
Ionline.pt

Em 30 de Janeiro de 2020, Paulo Rangel continuava a não ser candidato:
«Já tive oportunidade de esclarecer claramente que se trata de uma intriga baseada em factos falsos [...]»
In RTP

Em 10 de Fevereiro, toma uma decisão "repentina" de ser candidato à liderança no PSD (tornando-se num "eurodeputado fantasma"?):
«Quando decidiu avançar com a candidatura à liderança do PSD?
Hoje mesmo.
»
In Público.pt

Uma decisão que foi provocada pelos alemães que andavam a escrever coisas más de Portugal nos jornais:
« [...] lia os jornais alemães a colarem Portugal e Espanha à Grécia, e o Governo português andava aqui entretido a dizer que se demitia e a contribuir activamente para a degradação da situação financeira.»

... Ainda assim, nunca ouvi qualquer membro do Governo a ameaçar que se demitia e considero que o que o Paulo Rangel fez esta semana no PE é bem pior do que qualquer artigo na imprensa alemã!
Pontos de vista...


O que é certo é que esta decisão repentina, feita enquanto decorria o debate sobre o OE 2010 na Assembleia da República (sentido de oportunismo ou de oportunidade?!) já provocou reacções no interior do PSD.
O primeiro recado vem de Pedro Aguiar Branco:
«Cumpro a minha palavra»
In Publico.pt


Hesito...

08/02/2010

O caso das escutas e o plano secreto!


Jornal Sol, TVI, Correio da Manhã, Felícia Cabrita, Moura Guedes e até Paulo Rangel, o pequeno capacho, andaram todos a alar em torno do tal plano do Governo e de José Sócrates para se apoderar dos órgãos de Comunicação Social mas nenhum deles conseguiu revelar os contornos desse desígnio.
Até ao Parlamento Europeu o pequeno Rangel (e não me refiro à estrutura física) levou hoje este malévolo plano mas sem conseguir apresentar o quando, o porquê ou o como - isto vindo dum eurodeputado eleito por um partido cujo líder, há muito pouco tempo, defendia que os orgãos de comunicação deviam ter alguém que controlasse as notícias que publicavam (curiosa ironia!?).

Pois bem, em primeira mão, digo: Yes I Can!... isto é, eu consigo ir mais além do que todos eles e estou em condições para revelar qual é o verdadeiro objectivo e como pensava o Governo conquistar o controlo sobre a Comunicação Social portuguesa (CSp)!... e verifico que tem mais tentáculos que um polvo... Berlusconi ao lado disto não passa de um aprendiz!

Aqui vai a primeira bomba: aquilo que os órgãos de comunicação, já sob a alçada deste Governo ditatorial, ainda que duma forma ténue, anunciam como a descoberta duma alegada base da ETA em Portugal não é verdade!
Aquilo que a GNR descobriu em Óbidos fazia parte duma base logística, isso sim, para tomar conta da CSp. A ramificação do Governo português vai ao ponto de pressionar o Governo espanhol para corroborar a versão de que aquilo fazia parte duma base etarra.
Esta influência estava bem congeminada não fosse, e foi aí que eu vi o alcance da coisa, a discrepância entre a carga explosiva anunciada pelo lado português (500Kg) e pelo lado espanhol (1.500Kg)... uma ligeira diferença de 1 tonelada revelou esta cumplicidade.
Mas não fica por aqui!

O desmantelar desta plataforma vem prejudicar e atrasar bastante a intenção do Governo, aliás, de José Sócrates, de extinguir todas as forças militares e policiais substituindo-as pela "Policia do Pensamento".

Depois de colocar no terreno esta Policia do Pensamento a controlar tudo e todos, e estou em crer que isto já estará um estádio avançado, senão vejam as declarações de alguns dirigentes sindicais, todos os Ministérios seriam extintos.
No seu lugar surgiriam novas organizações que manteriam a designação Ministério apenas para enganar os otários da UE - esses tipos que andam sempre a dormir e nem nunca perceberiam nada se não fosse o pequenino Rangel (começou por "pequeno", já vai em "pequenino", vamos ver onde pára...).

Assim passariam a existir o Ministério da Verdade (nome de código: Minivero), o Ministério da Paz (nome de código: Minipax), o Ministério da Riqueza (nome de código: Minirico) e finalmente o Ministério do Amor (nome de código: Minamor).
Ao primeiro caberia o controlo das notícias e divertimento (encabeçado por Pedro Silva Pereira); ao segundo a guerra (encabeçado pelo Prof. Augusto Santos Silva); o terceiro lidaria com finanças e economia (e aqui não sei que o lideraria, se o Prof. Teixeira dos Santos ou Vieira da Silva); finalmente, ao último caberia a responsabilidade da ordem e da lei (mais uma vez não me foi possível descortinar que tomaria conta desta organização)!

O culminar desta tomada de poder seria a mudança de designação de Primeiro-Ministro para Grande Irmão, do hino nacional e o lema de Portugal passaria a ser:

Guerra é Paz,
Liberdade é Escravidão,
Ignorância é Força.

Tudo isto só seria possível com a ajuda cirúrgica de duas medidas muito importantes e já em curso:
1ª - obrigatoriedade dos jovens permanecerem nas escolas até ao 12º ano;

2ª - a distribuição em massa de pequenos Magalhães e portáteis dos programas e-escola.

Estas medidas não seriam nada mais do que métodos de, de forma disseminada e inconsciente, introduzir mensagens nos cérebros dos jovens criando neles pequenos delatores de Guedrespo's, isto é, denunciando todos aqueles que são contra o Governo.

Porque este é o tão falado e ao mesmo tempo tão desconhecido plano do Governo e de José Sócrates para controlar a CSp, vos digo:
«Ao futuro e ao passado, a um tempo em que o pensamento seja livre, em que os homens sejam diferentes uns dos outros, e não vivam sozinhos - a um tempo em que a verdade exista e o que for feito não possa ser desfeito: Da era da uniformidade, da era da solidão, da era do Grande Irmão, da era do duplopensar - eu vos saúdo!»

Felizmente, temos políticos e empresas privadas que, de forma completamente desinteressada e imparcial, denunciam tamanhos atentados contra o Estado de Direito!
Um bem-haja!


Os mais atentos encontrarão neste relato semelhanças com a obra «mil novecentos e oitenta e quatro» de George Orwell, mas isso é pura... verdade!
Por muito que tente, não consigo desenvolver um nível de imagiação semelhante ao de alguma pseudo-imprensa e políticos da nossa praça.
Por isso tive que me "encostar" ao trabalho fantástico de Orwell para criar este pequeno texto de ficção (não devo andar muito longe do que fazem alguns pseudo-jornalistas).


Mas lá mais para a frente, talvez me consiga debruçar sobre este divertido tema de forma mais séria.


06/02/2010

Arte Contemporânea ou a Moda do Lixo

Se há uma coisa difícil de definir é "arte". Afinal, o que é "arte"?

Há uns anos, e depois da febre para visitar a exposição de arte contemporânea da colecção Berardo, decidi ir ao CCB para ver o que afinal levava as pessoas a fazerem fila para ver este tipo de arte.

Logo à entrada estava exposta um obra de arte (?!) que não passava duma estrutura feita dum material metálico onde o visitante podia ouvir vários sons vindos do seu interior (meras gravações de sons). No CCB, onde estava a exposição, era uma "Obra de Arte"... num aeroporto ou num tribunal (utopia) facilmente poderia ser confundida como um simples detector de metais.
Mais de uma hora e meia a passear por entre "obras de arte" e saí de lá com uma alegria: "ainda bem que a entrada era livre. Se fosse paga teria sido um enorme desperdício de dinheiro!"

Vi de tudo.
Uma peça que não passava de um bocado de ferro aos rectângulos que se assemelhava a uma parede de "tijolo de 11", empilhados lado a lado, que permitia ao visitante espreitar dum lado ao outro.
Um par de bonecos de cera completamente nus deitados lado a lado.
Uma sala cheia de telas às cores lembrando uma palete de catálogo de cores duma qualquer marcada de tintas de parede.
Vários quadros abstractos (alguns de uma cor só!).
Um amontoado de garrafas verdes.
Enfim, um sem numero de "obras de arte" completamente estranhas e, na minha modesta opinião, seguramente feitas por autores num momento insano.

Aquele que considerei o expoente alto da exposição aconteceu quando entrei numa sala e, depois de uma vista de relance sobre toda a área, fiquei com a sensação de ter inadvertidamente entrado na zona onde teriam ficado os restos das obras que pudessem ter ocorrido no CCB.
Uma chapa ondulada de zinco com restos de cimento em cima, mais adiante algo que me pareceu ser um monte de pneus e ao fundo uns barrotes de madeira.
Só depois, quando vi que junto aos dois barrotes havia uma placa que tinha inscrito "Caminho para o Sul" é percebi que ainda estava na dita exposição de arte contemporânea.

Curiosamente, na semana passada (30 de Janeiro) li uma notícia interessante no semanário Expresso sobre «Museus sem soluções para proteger quadros».
Em síntese, a notícia falava sobre os acidentes provocados pelos visitantes nas obras de arte expostas em museus.
O mais curioso e caricato caso que ali era relatado foi provocado por uma empregada de limpeza na Figueira da Foz: «Vi os cacos no chão. Peguei na pá e na vassoura e detei-os ao contentor.»
Pois a bem, intencionada senhora havia pespegado no caixote do lixo uma "obra de arte" que «valia milhares de euros» dum tal de Jimmie Durham - artista plástico.
A dita "obra de arte" consistia, pasmem-se, em «17 pedaços de um lavatório de cerâmica». Não conheço a obra mas imagino que seja algo lindo de se ver e, naturalmente, com um significado profundo. Gostava de saber qual o nome da "peça" mas infelizmente a notícia não o dá a conhecer.

Será que se eu partir em cacos a minha sanita também a poderei expor numa qualquer galeria ou exposição?! Tenho o nome ideal para a "obra": "Desvaneio fecal"!

Pergunto-me como seria o tecto da Capela Cistina se Miguel Angelo em vez de ter perdido tanto tempo a pintar aquilo colasse pedaços de vitrais partidos? Ou pendurasse frigideiras e tachos?
Seria algo fantástico, já estou a imaginar...!

Parece, afinal, que não sou só eu a olhar para este tipo de "obras de arte" e ver nelas apenas um aglomerado de lixo. Pelo menos, há uma senhora na Figueira da Foz que, tal como eu, também possui falta de "visão cultural".
Acho que hoje em dia, qualquer guarda-chuva esquecido num bengaleiro poderá ser facilmente confundido com uma "obra de arte contemporânea"... (ora aqui deixo uma excelente ideia para algum "artista plástico" que possa eventualmente passar os olhos por este blog...)

Mas podemos sempre acompanhar as tendências da moda e entrar numa exposição deste tipo. Mesmo que olhemos para estas obras tal como um burro olha para um palácio, fica sempre bem dizer que se assistiu a uma exposição de arte contemporânea. Dá um ar intelectual e, naturalmente, passamos a parecer pessoas modernas... de alguém que está na moda (erudita)... hodierno.

Concluo: arte, pode ser aquilo que nós quisermos. Até a apara de um lápis em cima dum pedaço de papel de cozinha amarrotado e salpicado de molho de tomate pode ser considerado uma "obra de arte". Basta que haja uma pessoa qualquer que se julgue mais "à frente" do que os outros todos e veja nisso a representação da fragilidade da vida humana no universo resplandecente!


Hesito...

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