21/09/2009

Cooperação... mas que cooperação?

Já o tinha escrito aqui neste blog: é minha clara convicção que não é o Governo o único responsável pelas (supostas) más relações entre este orgão e o Sr. Presidente da República - arriscaria dizer até que, neste aspecto, a maior fatia da responsabilidade cabe mesmo à Presidência; e escrevi também que não seria para mim uma surpresa se se confirmasse que a notícia das supostas "escutas" feitas pelo Governo em Belém fosse uma farsa a pedido.

Esta notícia, vem reforçar isso:

«Lisboa, 21 Set (Lusa) -- O Presidente da República, Cavaco Silva, afastou hoje Fernando Lima do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação social, que passará a ser desempenhado por José Carlos Vieira.

Segundo disse à Lusa uma fonte oficial da Presidência da República, trata-se de uma "decisão do Presidente da República".

No 'site' da Presidência da República o nome de José Carlos Vieira já se encontra como o assessor para a Comunicação Social.»

(novamente uma «fonte oficial da Presidência da República»... recordo, mais uma vez, que as instituições têm "porta-voz" e não fontes oficiais!)

Lembro que o Sr. Presidente veio dizer que ficava em silêncio nesta fase e que após as eleições iria pedir mais informações sobre segurança. Ainda, quando lhe perguntavam se de facto a notícia tinha tido origem na Presidência, respodia à jornalista que a Sra. não seria ingénua e que ele, o Sr. Presidente, também não o era.

É um facto que o Sr. Presidente ficou em silêncio e não entrou na luta partidária tal como anunciou, mas teve uma acção que revela, para já, existir um indício de que, muito provavelmente, não é o PS que está na origem de mais uma trica entre estas duas instituições, naturalmente utilizada demagogicamente por alguns partidos da oposição (o discurso sobre o estatuto político-administrativo dos Açores, a piada do jipe, etc. são apenas outros exemplos).

Impõem-se, nesta fase, a necessidade dum claro esclarecimento da Presidência relativamente a este afastamento, pois não podemos esquecer que a notícia divulgada pelo DN indica que a iniciativa parte do próprio Presidente.

Embora não lhe reconheça essa humildade, gostaria também de ver a Sra. Manuela Ferreira Leite tentar retratar-se da afirmação proferida do alto da sua Verdade: «não me interessa se há escutas ou não, o que interessa é que as pessoas achem que há».
É importante saber o quanto antes a quem é que as pessoas devem o "achar que há escutas"!

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