15/01/2014

Livro: As Leis Fundamentais da Estupidez Humana

Alguns minutos são suficientes para ler um pequeno ensaio, bem divertido, de Carlo M. Cipolla intitulado "As Leis Fundamentais da Estupidez Humana". Este ensaio foi editado, em português, em dois formatos: um isoladamente (numa edição promovida por uma empresa de gás - capa na imagem) e num livro chamado "Allegro ma non troppo" que junta outro ensaio intitulado "O papel das especiarias (e em particular da pimenta) no desenvolvimento económico da Idade Média".

Sinto-me tentado em dizer que talvez este tenha sido o melhor ensaio que li até hoje - perdoem-me os grandes filósofos. Pela sua simplicidade, clareza de discurso e pela exposição do raciocínio que, aliado a um grande dose de sentido de humor, cria todas as condições para se conseguir facilmente colar a teoria nele expressa com a realidade de facto.
Um curto texto que consegue, de forma muito simples, contribuir para um melhor entendimento do que é a vida em sociedade. É-me, hoje, muito mais fácil (e divertido) a caracterização com um enquadramento gráfico de certas "personagens" da praça pública ou até da minha esfera social.

Neste ensaio o autor brinda-nos com 5 leis fundamentais (e fundamentadas) sobre a estupidez (de uma verdade quase absoluta, acrescento eu), a saber:

 1ª - Cada um de nós subestima, sempre e inevitavelmente, o número de indivíduos estúpidos em circulação
2ª - A probabilidade de uma certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica desta mesma pessoa
3ª - Uma pessoa estúpida é aquela que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer uma prejuízo
4ª - As pessoas não estúpidas desvalorizam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que, em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ou associar-se com indivíduos estúpidos revela-se infalivelmente um erro que se paga muito caro
5ª - A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigoso que existe (O estúpido é mais perigoso do que o bandido).

Este é um daqueles textos que todos deveriam ler, mas não resisto a transcrever um parágrafo interessante (entre muitos outros) sobre a relação da estupidez e o poder (sobre o «fluxo constante de pessoas estúpidas para posições de poder»):

«Num sistema democrático, as eleições gerais são um instrumento de grande eficácia para assegurar a estabilidade da fracção E[1] entre os poderosos. Recorde-se que, com base na Segunda Lei, existe uma fracção de E de votantes que são estúpidos e as eleições oferecem-lhes uma magnífica ocasião para prejudicar todos os outros sem obter qualquer ganho com as suas acções. Realizando esse objectivo, através das eleições contribuem para a manutenção do nível E de estúpidos entre as pessoas que se encontram no poder.»


[1] - Quota de pessoas estúpidas de uma população.

NOTA: para um correcto entendimento e enquadramento das Leis Fundamentais propostas pelo autor ou mesmo de alguns conceitos, como o de «estúpido» ou «bandido», deve ser lido o ensaio na integra (para além das edições impressas, há disponível na Internet em versões inglesas e português do Brasil)




Sinopse (do livro "Allegro ma non troppo"):

Por que razão um estúpido é mais perigoso que um bandido? Qual é a relação histórica entre o consumo da pimenta, o desenvolvimento da metalurgia e a difusão do nome Smith? Estas e outras intrigantes perguntas encontram resposta nos dois divertidos ensaios que compõem este livro, uma pirueta anárquica de fino humor; o primeiro ensaio é uma paródia hilariante da história económica e social da idade Média, com o Império Romano à mistura; o segundo, uma deliciosa brincadeira, em jeito de teoria geral da estupidez humana. Duas pequenas obras-primas de jocosa extravagância intelectual, que nos propõem uma pausa de irreprimível comicidade e humorismo.
Esta obra destina-se a todos os leitores sem excepção, em especial aos interessados pelas peripécias da História e aos amantes da escrita irónica e perspicaz.

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