23/05/2015

De "Equus ferus caballus" para "Equus africanus asinus"

Diariamente leio alguns textos, uns bons e outros maus, uns de onde consigo retirar conhecimento e outros que me levam ao arrependimento... de os ter lido!
As estes últimos a melhor "resposta" a dar é esquecer que os li e ignorar. Mas há uns que, de tão maus que são, isso se torna impossível de conseguir. E é sobre um desses que agora escrevo. Será, porventura, o texto mais ignorante, deturpado e falacioso que alguma vez li.

O texto em questão é do da "sra." (porque "Prof." é título que se atribui a quem tem capacidade e competência para ensinar) Maria Fátima Bonifácio, sra. que lá vai aparecendo quando é preciso bajular a direita, disparar umas alarvidades contra a esquerda, ou quando não há mais ninguém disponível para se prestar ao ridículo, e que é impresso hoje (22.05.15) no jornal Público com o titulo «Um "transportador de desassossegos"».

No referido texto, a dita sra. historiadora (ou estoriadora?!) tenta argumentar sobre a candidatura do Prof. (este sim, tem direito a título) Sampaio da Nóvoa. Mas deste texto, ignorando o histórico pensamento da sra. Bonifácio e a sua elevada capacidade argumentativa sobre qualquer que seja o assunto (veja-se que até sobre leis do tabaco se lhe encontra pensamento filosófico e argucia), depois de lido poder-se-ia retirar uma de 3 conclusões:
1 - o texto resulta da ignorância da sra. quanto ao cargo a que Sampaio da Nóvoa se está a candidatar;
2 - o texto resulta da incapacidade de interpretação por parte da sra. do conteúdo das entrevistas dadas por Sampaio da Nóvoa (a jornais e televisões);
3 - o texto deturpa intencionalmente a verdade e pretende construir uma imagem errada da candidatura e das ideias já apresentadas por Sampaio da Nóvoa.

A sra. Bonifácio escreve «É facto que jura renegociar a dívida “até ao limite do possível”, mas ignora por onde passam o limite e o possível.» - o que as pessoas informadas e sérias sabem e compreendem - a sra. M. Fátima Bonifácio não - é que quem renegoceia dívidas ou o que quer que seja em matéria executiva são os Governos. E a sra. Bonifácio sabe que esta "jura" que tenta atribuir a Sampaio da Nóvoa nem sequer existe na entrevista que cita.

A sra. Bonifácio escreve que «Nóvoa é o homem providencial para abraçar esse combate e demonstrar ao mundo “que as políticas de austeridade [não] são uma inevitabilidade”.» - ainda que assim fosse, se Nóvoa quisesse demonstrar alguma coisa não seria ao «mundo» mas sim à Europa, mas a sra. Bonifácio não conseguiu interpretar a frase «Se nós acreditássemos que esta Europa não vai mudar, e que as políticas de austeridade são uma inevitabilidade ficávamos em casa a protestar contra qualquer coisa»

Sobre a alusão de Sampaio da Nóvoa em que o voto no «arco da governação» implica que 20% dos portugueses fica à partida excluído, a sra. Bonifácio escreve «O remédio, como se adivinha, está em puxar o arco para a esquerda até incluir o Bloco e o PC. Mas, nesta hipótese humana e generosa, ficam excluídos 80% dos portugueses.» - revelando, à partida, enorme dificuldade na matemática, a sra. Bonifácio considera que a esquerda é representada apenas por dois partidos em Portugal, que no PS, por exemplo, não há votantes de esquerda ou, em última análise, tal presunção não passa de um enorme desejo que a sua direita represente 80% dos portugueses.

A sra. Bonifácio, incompreensivelmente, classifica PCP e BE como partidos da «extrema-esquerda» - teria evitado mais um atestado da sua ignorância se tivesse lido alguns dos trabalhos feitos por colegas seus tanto na Universidade para a qual trabalha como do ICS onde se diz investigadora.

A sra. Bonifácio, referindo-se à falta de apoios de estruturas partidárias, escreve «A sua candidatura, que ainda não recebeu o apoio declarado de nenhuma dessas agremiações, é “pessoal”.» - mesmo que conseguíssemos ignorar que se diz historiadora e não se lhe exigindo que conheça a Constituição da República Portuguesa, perguntando a alguns colegas seus, a sra. Bonifácio facilmente teria percebido que as candidaturas à Presidência da República são isso mesmo: pessoais («São elegíveis os cidadãos eleitores, portugueses de origem, maiores de 35 anos.» Artigo 122.º da CRP).

Mas de entre tantos disparates (há ainda mais alguns naquela mais de meia página de jornal) há aquele que, para mim é a "cereja no cimo do bolo". Escreve a sra. Bonifácio: «Inquirido, há dias, se se sentia mais próximo do Partido Socialista ou do Partido Comunista, o candidato à Presidência da República respondeu: “Não sei.” Está tudo dito. Politicamente, António Nóvoa não sabe o que é, nem quem é.»
Mas para que cada um possa tirar as suas próprias conclusões sobre se esta "tirada" é reflexo de ignorância, deficiência na compreensão e interpretação, problema auditivo, mitomania ou outra qualquer característica da sra. Bonifácio aqui fica a transcrição da entrevista dada à RTP em 6 de Maio 2015:
«Vitor Gonçalves: ... e olhando para o nosso espectro partidário, o senhor sente-se mais próximo do partido socialista do que do partido comunista, por exemplo?

Sampaio da Nóvoa: eu não sou capaz de lhe responder dessa maneira.
VG: não é capaz?
SN: não.
VG: então deixe-me concretizar-lhe a pergunta de outro modo: nas eleições, em eleições anteriores o senhor alguma vez votou, por exemplo, no partido comunista ou... ou não?
SN: eu não vou divulgar em nenhuma circunstância as votações que fiz e em quem em momentos anteriores.»

Porque a sra. Bonifácio até gosta de escrever uns livros sobre história, não lhe seria difícil encontrar referências que - estivesse ela nos tempos onde se podem encontrar algumas características com as quais o seu pensamento se parece identificar - depois de escrever um texto como este, era o momento de colocar um chapéu de papel ornamentado e ficar um bom bocado de tempo virada para a parede até perceber o quão mau é aquilo que escrevinhou.
Sobre o texto da sra. Bonifácio, como ela própria escreveu: «Está tudo dito.»

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