26/04/2010

Um heroi esquecido


Capitães de Abril são aos magotes. Nesta altura do ano, um pontapé numa qualquer pedra fará, seguramente, saltar debaixo dela um "Capitão de Abril". Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Lourenço, Melo Antunes, José Costa Neves, Sanches Osório e outros tantos nomes que agora não me lembro pertencem a esta elite militar e a quem devemos a "Liberdade".

Mas desta gente toda, independentemente do motivo, há um que se destaca verdadeiramente e que foi sempre, no meu imaginário infantil, aquele herói que eu gostaria de ter sido na revolução: o "Capitão" Salgueiro Maia!

Foi aquele herói que "deu o corpo às balas". Aquele que esteve na frente. Que enfrentou soldados e polícias armados, carros de combate sempre de forma serena (característica sua!) - a ver pelas imagens de arquivo (fotos e vídeos) e até na voz daqueles que estiveram a seu lado.
Não ficou atrás dum telefone ou duma secretária. Não tinha um plano de fuga preparado. Estava lá, no centro da revolta, onde a probabilidade de morrer no confronto era uma hipótese bem real.

Participou, arriscou a sua vida (assim como outros tantos soldados e alguns oficiais) e nunca pediu nada em troca! O Major Maia (promovido só em 1981) deixou-nos cedo demais, traído pela doença, mas ainda assim, nos 18 anos que viveu após a Revolução, soube sempre qual o seu lugar e recusou sempre papeis governativos ou de poder. Se calhar por isso, nunca teve o papel de destaque que merecia.
Portugal, não soube reconhecer em vida, e mesmo depois da sua morte, um dos seus heróis. Provavelmente aquele que teve o papel decisivo na viragem do panorama político e social português.

Este Homem a única coisa que pediu foi uma pensão, e esta foi "recusada" (graças à burocracia, dizem agora) pelo Primeiro-ministro que hoje ocupa o cargo de Presidente da República: Cavaco Silva!
O mesmo que «concordou com a atribuição de pensões a dois ex-inspectores da PIDE, um dos quais estivera envolvido nos disparos sobre a multidão concentrada à porta da sede daquela polícia política, na Rua António Maria Cardoso.»

Pergunto-me frequentemente o que teria sido se, frente a tantas ameaças e riscos naquele dia 25 de Abril de 1974, o carácter e a coragem do "Capitão" Salgueiro Maia não tivesse sido a sua maior arma...

Este, para mim, devia ser o Herói a que a história do 25 de Abril deveria dar maior destaque. Os estrategas da operação são importantes (e Salgueiro Maia também foi um dos estrategas), mas é a quem está no centro da acção, que arrisca a vida por outros, que devemos o nosso maior reconhecimento.

Algumas imagens...
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Salgueiro Maia
Enviado por deltacat. - Veja filmes em destaque e emissoras de televisão inteiras


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Ainda se aguarda pelo verdadeiro reconhecimento desta figura histórica portuguesa. Mas um reconhecimento verdadeiro e sincero. Não de circunstância para tentar arrecadar alguns votos (como o Cavaco Silva o faz agora) ou para fazer esquecer algumas injustiça no passado.





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