20/08/2009

Parcial ou não... eis a questão.

Ontem perguntava-me um amigo: «no teu blog não estás a ser um bocado parcial?»
Respondi-lhe que não... mas reconheço que, inconscientemente, até possa estar a ser.

Como disse no início deste blog, tenho as minhas convicções e preferências partidárias, mas tento que fiquem do lado de fora.
E a sério que estou a fazer o melhor que posso para manter uma certa distância.

Agora, e a cima de tudo, o que eu não suporto mesmo são mentirosos, "chicos-espertos" e que me tomem por parvo.
Infelizmente, tal como noutras actividades, também o mundo da política tem a sua dose de mentirosos, "chicos-espertos" e ainda julgam que todos os outros são tolos.
Irrita-me solenemente quando o argumento começa com: «os portugueses sabem [...]» ou «toda a gente sabe [...]».
Não é verdade! Por duas simples razões: a primeira porque ninguém fala em meu nome a não ser que para isso lhe passe "procuração"; a segunda porque há pessoas que "não sabem", outros não querem saber, e ainda há aqueles que, tal como eu, gostam de pensar pela sua própria cabeça!

Há uma grande parte da população que gosta e aceita que os outros pensem por eles. Eu não!
Há uma grande parte da população que esquece frequentemente o passado. Eu não!
Há uma grande parte da população que se deixa enganar com a demagogia que "seca" a política. Eu não!

Por isso, se aqui tomo nota de algumas incoerências de partidos, evidentes às pessoas minimamente atentas, é exactamente porque detesto que me tomem por parvo. Não tenho é culpa que sejam sempre os mesmos a tentar "mandar areia para os olhos" das pessoas!?

Defendo a classe política e a importância que ela tem nas sociedades. Mas para que essa classe cumpra com o seu dever é preciso que se torne séria e acima de qualquer suspeita (note-se que não quero dizer "acima da lei"!).
Infelizmente, desde a Esquerda à Direita, como em qualquer outra classe profissional, repito, há pessoas que estão a mais.
Cabe aos partidos promover o saneamento destes maus exemplos, e não promovê-los, assim como são os eleitores, no momento certo, nas urnas, que devem tomar decisões que benificiem o colectivo e "castigar" aqueles que não servem.

Li recentemente:
«Porque a vontade autêntica do povo é a dos homens - na oficina, nos campos, nos escritórios ou na rua -, é ai que é necessário conquistá-la [democracia governada] para em seguida a impor aos poderes públicos. Por consequência, a democracia governante é uma democracia de luta: a realização de planos esbate-se detrás da determinação da sua substância. O povo governa, mas as suas divisões proíbem-no de impor uma política única e coerente. Comanda, mas para promulgar ordens contraditórias. De tal modo que o regime, ligado, até por definição, à existência de um poder enérgico, se converte na procura de um poder.
A vida política fica reduzida à luta pelo Poder e o grande intento que galvanizaria um povo que a si próprio se governasse pulveriza-se em veleidades nas quais se esgota o programa de governantes burocráticos e paralisados.»

In "A Democracia" de Georges Burdeau

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts with Thumbnails