30/08/2009

Paladinos da ética

A divergência de ideias é saudável e é, normalmente, a partir da discussão que nascem as melhores conclusões e soluções.
Há ideias boas e más. Mas quando se discutem ideias sérias com ideias estapafurdias o resultado só pode mesmo ser um chorrilho de asneiras.

Há uns dias atrás, Marques Mendes, na Universidade de Verão do PSD defendia, e com toda a razão, que a bem da política e das instituições não deverão ser candidatos a eleições indivíduos condenados por crimes graves como fraude fiscal ou corrupção. Uma clara alusão às listas de candidatos apresentada pelo seu partido.
No dia a seguir à defesa destas, digam-se acertadas, ideias de Marques Mendes, veio Paulo Rangel, o grande vencedor das eleições europeias*, em defesa da presidente do seu partido: «a credibilidade da política não está na ética».

Pergunto eu: se «a credibilidade da política não está na ética» então está onde? Será que devemos tomar por credível um indivíduo cuja condenação por corrupção ficou provada? A presunção de inocência deve ser sempre um pilar num estado de direito. Mas quando fica provado em tribunal que esse indivíduo de facto atentou contra a lei, merece que o eleitor deposite nele confiança para exercer cargos de governo?

Esta discussão nem sequer se deveria estar a colocar. Cabe ao visado ser o primeiro a tomar a inciativa de se afastar até que o processo de acusação e julgamento termine.
Se a fome de poder for maior do que uma reflexão ética cabe às direcções do partidos se demarcarem destes indivíduos.
Se ainda assim isso não for suficiente, em última instância cabe ao eleitorado afastar estas pessoas ou os partidos que os suportam.

Não sou nem nunca fui grande defensor de Marques Mendes. Lembro-me dos governos a que pertenceu e de algumas ideias que defendeu enquanto presidente do PSD. No entanto não posso deixar de enaltecer a sua defesa da credibilidade política. Infelizmente é um dos poucos nessa luta.


* Para que não fiquem quaisquer dúvidas, quando escrevi que Paulo Rangel foi o «grande vencedor das eleições europeias» fi-lo com ironia. Vi muita peça jornalistica a coloca-lo nesse pedestal.
Nada de mais errado. É um facto que o PSD, com Paulo Rangel como cabeça de lista, foi o mais votado nas eleições para o Parlamento Europeu. Mas basta olhar para todas as sondagens que foram feitas antes das eleições para se constatar que o resultado que "Paulo Rangel obteve" não se desviou do resultado que era esperado. Todos os outros partidos excederam as previsões com excepção do PS que desceu. O único que se manteve na linha das sondagens foi o PSD.
Por isso entendo que o destaque que é dado a Paulo Rangel é exagerado (lembremo-nos das suas prestações como líder parlamentar na AR para aceitarmos que é apaenas mais uma cara no partido).


Há no PSD, seguramente, outras figuras com ideias mais enriquecedoras para a discussão política.



26/08/2009

Educação, Reformas e Professores

Muito interessante o artigo de opinião da Sra. Helena Garrido no Jornal de Negócios de ontem (25/Agosto/2009).

«A contestação que o Governo teve - e tem, com o risco de ter perdido eleitores com esta reforma - mostra bem que as mudanças foram muito para além da maquilhagem. [...] A educação está manifestamente diferente e, com elevada probabilidade, melhor que há cinco anos. Os bons professores agradecem, os pais e alunos também. A prosperidade do País está nas mãos da educação.»

Aconselho a leitura e, naturalmente, a devida reflexão.

Está disponível aqui.

O Antes e o Depois...

Nem sei como classificar esta notícia...
Segundo a Exame Informática a Microsoft na Polónia alterou, vá-se lá saber porquê, uma foto da campanha dum software.
Não tiveram com meias medidas e vai de trocar a cara de uma pessoa...

Resultado da "brincadeira": «A Microsoft emitiu um pedido de desculpas oficial pelo facto de a sua subsidiária na Polónia ter alterado a raça de uma pessoa que surge numa campanha publicitária.»

Veja a noticia aqui.


25/08/2009

Espião aqui não entra



Noticiou ontem o
Correio da Manhã que os serviços secretos estariam a celebrar protocolos com organismos públicos no sentido de neles integrarem agentes tendo como um dos objectivos «o combate à criminalidade organizada e crime financeiro».

Hoje, Alberto João Jardim decretou a proibição dos organimos regionais estabelecerem estes protocolos...

Temos gato escondido de rabo de fora?!

... hesito.


24/08/2009

Direita e Esquerda I

Diz-nos o Prof. Jaime Nogueira Pinto sobre os princípios antropológicos da «direita» e da «esquerda»:

«A direita, porque não vê o homem como um ser naturalmente bom, é céptica quanto à sua possibilidade de criar modelos perfeitos e é até céptica quanto à perfectibilidade dos modelos. Apesar de acreditarem no aprefeiçoamento gradual através de melhores instituições, os pensadores e os homens de Estado «de direita» não costumam prometer o paraíso terreno, já porque não o crêem possível, já porque nem sequer o acham desejável. A utopia [a esquerda] - ou seja, a contra-cidade acabada, em que um sistema jurídico-institucional pensado por filósofos generosos e posto em execução por idealistas e homens de boa-vontade, põe termo, ad aeternum, aos «males do mundo», à fome, à doença, ao conflito, às contradições - está nos antípodas do pensamento «de direita».»

Em suma, antropológicamente podemos assim associar à «direita» a visão pessimista e à «esquerda» a visão optimista.

In «A Direita e as Direitas» editado por Difel


23/08/2009

Feios, Porcos e Maus...


A Symantec elaborou um relatório com os 100 sites «mais sujos» da internet: Dirtiest Websites of Summer 2009.
Agora não há desculpa... nestes, só se suja quem quer!

Nota: Para os conhecer todos é necessário pertencer à Norton Safeweb Community.

Atletismo


Parabéns a todos os atletas portugueses presentes em Berlim.

«Em termos globais, [...] um balanço amplamente positivo, pelos resultados dos atletas que não se esperava que entrassem em luta pelo pódio, já que a maioria se classificou até ao 16.º lugar.»

Veja a análise completa aqui, no site da FPA.


O perfeito disparate

Aqueles que me conhecem sabem bem o que penso sobre a qualidade do jornalismo em Portugal: péssima!
Há honrosas excepções mas uma grande parte dos jornalistas portugueses não presta um bom serviço ao país e à imagem da sua classe profissional. Culpem as linhas editoriais, culpem dos directores, culpem as orientações políticas dos grupos detentores das empresas de comunicação social, culpem quem quiserem, mas os principais responsáveis são os próprios jornalistas que, na ânsia de verem o seu nome ligado a uma notícia polémica ou bombástica são capazes de deixar de lado toda e qualquer regra deontológica ou moral.
E, claro está, os média aproveitam-se de tudo isso para tentar aumentar volumes de vendas.

No seguimento deste mau jornalismo, o Expresso, na edição deste fim de semana, na página 4 contribui substituindo a notícia por uma novela.
É incrivel que um jornal de referência como é o Expresso encha páginas com "hipóteses" de conspiração.
Na hipótese 1 o Prof. Cavaco Silva perde a paciência e «quer vingança». Na hipótese 2 a intenção do Presidente da República é «fragilizar Sócrates» e «vale tudo, incluindo acusá-lo de espiar Belém».
A última hipótese, a 3ª, diz que o PR perdeu o pulso de ferro que tinha antes e não controla os seus acessores.
Ao que isto chegou!

Tudo isto porque dois militantes do PS trouxeram à discussão situações de cooperação entre acessores do PR com o PSD para a elaboração do programa eleitoral, exposta num artigo do jornal Semanário e não resultado de "escutas".
Mas pior que a menção dessas situações, que não são novidade, foi o que se seguiu.

Os orgãos de comunicação social, talvez sem mais nada que pudesse encher manchetes, empolaram o assunto com recurso a "fontes anónimas" ou "fontes não oficiais" ou ainda "fontes próximas". Os partidos, alguns, sedentos de algo que desviasse a atenção dos verdadeiros problemas, mandaram mais achas para a fogueira negando coisas que antes haviam reconhecido.

Curiosa é também a afirmação da Sra. Manuela Ferreira Leite, que ajuda à festa, que diz «não quero saber se há escutas ou não. As pessoas sentem que há».
Uma visão bastante interessante - quem sabe se o juizes em Portugal também possam aplicar esta máxima nos julgamentos: não interessa se há provas ou não, interessa é que as pessoas achem que é culpado, logo condena-se...
E assim lá se vão alimentando especulações... desde que as pessoas achem.

Leiam-se as palavras do Sr. Paulo Portas, também ao Expresso: «Toda a vida os consultores de vários presidentes tiveram actividade cívica e isso nunca causou nenhuma surpresa». Reconhece ainda que um dos acessores do PR, Sevinate Pinto, ex-ministro da Agricultura no Governo de coligação PSD/CDS, colabora com o CDS-PP.
Será que daqui a umas semanas vamos voltar a ouvir falar em "escutas" por causa da "divulgação" desta colaboração?

E assim se enchem espaços notíciosos de nada.
Uns consideram este tema um «disparate de Verão». Eu considero uma «estupidez de Verão».

Em suma, não sei a verdadeira «estupidez de Verão» é provocada pelos acessores não identificados do PR, dirigentes partidários ou jornalistas. Sinto-me tentado a eleger os últimos!

Demagogia I

Ora aqui está um belo exemplo de demagogia!
O Sr. Paulo Portas, entre outras coisas, diz que o Estado tem que pagar a horas às empresas e quando não o faz, tem de pagar juros.

Lembro-me quando ele esteve no Governo (no tempo do Sr. Durão Barroso e do Sr. Santana Lopes)... e naquele tempo o Estado demorava mais tempo a pagar do que actualmente!

Já agora, será que a média que refere de mais 400 euros pagos de impostos ao Estado contempla os efeitos do escalão criado para "taxar" os rendimentos mais altos?
Porque não apresenta a média de apoios concedidos (entre subsídios, isenções e benefícios e deduções fiscais)?

Um forte apelo à memória curta...





5 boas notícias...

Depois da entrevista da Sra. Manuela Ferreira Leite na RTP, cheia dum enorme vazio de ideias e com bastantes contradições (será que virá o Sr. Pacheco Pereira brindar-nos com uma «interpretação especial» do que ali foi dito?!), li no Weekend Económico uma boa notícia.

Segundo este semanário pelo menos cinco empresas terão já cancelado os seus processos de "lay-off". Leoni, Sival Plásticos, Repsol Sines, Quimonda Portugal e Lusosider viram-se "obrigadas" a retomar a laboração (algumas ainda não na totalidade). Não por imposição legal pois o "lay-off" só poderá demorar 6 meses, mas sim por necessidade dos mercados.
Uma evidência que vem complementar os resultados estimados pelo INE dum crescimento do PIB (ainda em terrenos negativos).

Seria bom para todos nós que esta tendência se mantivesse. Torna-se importante salientar os aparentes bons resultados da nossa economia onde, para já, só Alemanha e França apresentaram resultados positivos este 2º trimestre.
Há quem diga que isso só foi possivel em Portugal pelas "injecções" de dinheiro do Estado na empresas. Se isso corresponde à verdade, parece-me que, em tempos como os que vivemos, o Estado cumpriu a sua função.
Ainda assim aqui está uma breve explicação para esse crescimento.

Os demagogos disseram que o Sr. José Socrates «decretou o fim da crise». Esta notícia mostra-nos que isto será «quanto muito o princípio do fim da crise» (as palavras verdadeiramente proferidas):
«Os primeiros sinais de que a crise já pode ter batido no fundo estão à vista. Aos poucos, embora timidamente, algumas das empresas que suspenderam a produção voltam ao activo.»

Veja-se também uma melhoria da actividade económica no mês de Julho.
Parecem prespectivar-se boas notícias para os resultados do 3º trimestre...

22/08/2009

Vão a votos...


Segundo a Agência Lusa «Quinze forças políticas apresentaram listas para as eleições legislativas de 27 de Setembro mas apenas nove partidos e uma coligação, a CDU, vão candidatar-se a todos os círculos eleitorais, segundo a Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI).

De acordo com informações da DGAI, o PS, PSD, o CDS-PP, o BE, o Movimento Esperança Portugal (MEP), o Movimento Mérito e Sociedade (MMS), o PCTP-MRPP, o Partido Popular Monárquico (PPM) e o Movimento Partido da Terra (MPT) apresentaram listas aos vinte e dois círculos eleitorais, bem como a CDU (coligação que integra PCP, PEV e ID).

Esta tarde, o DGAI tinha indicado que o MMS não tinha apresentado listas ao círculo de Beja»

O mapa oficial do numero de deputados a eleger em cada circulo eleitoral também já foi publicado.

Está disponível aqui (PDF).


Métodos de análise

É por estas e por outros que acho que os espaços de opinião deveriam ser ocupados por quem se ocupa a estudar e a utilizar os métodos de análise política.

«Saíram os números para o 2º trimestre de 2009. O primeiro-ministro agarra-se aos 0.3% de crescimento do PIB e a oposição agarra-se ao aumento da taxa de desemprego em 0,2 pontos percentuais. Cada um encontrou a sua bóia de salvação. Aconselha-se cautela: ambas as bóias estão furadas.»

Quem o diz é o Prof. Luís Aguiar-Conraria.

Podem encontrar a sua análise aqui (assim os comentários).


20/08/2009

Parcial ou não... eis a questão.

Ontem perguntava-me um amigo: «no teu blog não estás a ser um bocado parcial?»
Respondi-lhe que não... mas reconheço que, inconscientemente, até possa estar a ser.

Como disse no início deste blog, tenho as minhas convicções e preferências partidárias, mas tento que fiquem do lado de fora.
E a sério que estou a fazer o melhor que posso para manter uma certa distância.

Agora, e a cima de tudo, o que eu não suporto mesmo são mentirosos, "chicos-espertos" e que me tomem por parvo.
Infelizmente, tal como noutras actividades, também o mundo da política tem a sua dose de mentirosos, "chicos-espertos" e ainda julgam que todos os outros são tolos.
Irrita-me solenemente quando o argumento começa com: «os portugueses sabem [...]» ou «toda a gente sabe [...]».
Não é verdade! Por duas simples razões: a primeira porque ninguém fala em meu nome a não ser que para isso lhe passe "procuração"; a segunda porque há pessoas que "não sabem", outros não querem saber, e ainda há aqueles que, tal como eu, gostam de pensar pela sua própria cabeça!

Há uma grande parte da população que gosta e aceita que os outros pensem por eles. Eu não!
Há uma grande parte da população que esquece frequentemente o passado. Eu não!
Há uma grande parte da população que se deixa enganar com a demagogia que "seca" a política. Eu não!

Por isso, se aqui tomo nota de algumas incoerências de partidos, evidentes às pessoas minimamente atentas, é exactamente porque detesto que me tomem por parvo. Não tenho é culpa que sejam sempre os mesmos a tentar "mandar areia para os olhos" das pessoas!?

Defendo a classe política e a importância que ela tem nas sociedades. Mas para que essa classe cumpra com o seu dever é preciso que se torne séria e acima de qualquer suspeita (note-se que não quero dizer "acima da lei"!).
Infelizmente, desde a Esquerda à Direita, como em qualquer outra classe profissional, repito, há pessoas que estão a mais.
Cabe aos partidos promover o saneamento destes maus exemplos, e não promovê-los, assim como são os eleitores, no momento certo, nas urnas, que devem tomar decisões que benificiem o colectivo e "castigar" aqueles que não servem.

Li recentemente:
«Porque a vontade autêntica do povo é a dos homens - na oficina, nos campos, nos escritórios ou na rua -, é ai que é necessário conquistá-la [democracia governada] para em seguida a impor aos poderes públicos. Por consequência, a democracia governante é uma democracia de luta: a realização de planos esbate-se detrás da determinação da sua substância. O povo governa, mas as suas divisões proíbem-no de impor uma política única e coerente. Comanda, mas para promulgar ordens contraditórias. De tal modo que o regime, ligado, até por definição, à existência de um poder enérgico, se converte na procura de um poder.
A vida política fica reduzida à luta pelo Poder e o grande intento que galvanizaria um povo que a si próprio se governasse pulveriza-se em veleidades nas quais se esgota o programa de governantes burocráticos e paralisados.»

In "A Democracia" de Georges Burdeau

18/08/2009

Juridicamente traduzido

Porque nem todos percebem (nem têm que perceber) a liguagem jurídica, e eu sou um deles, deixo aqui uma humílde contribuição para ajudar a perceber alguns "palavrões" jurídicos.

No seguimento das polémicas listas do PSD, nomeadamente sobre a presença de candidatos acusados, já tenho lido algumas coisas menos correctas por parte de alguns cronistas, jornalistas e bloggers.

Com a ajuda do jornal Expresso, e salvo se houver melhor explicação/interpretação:

Arguido
- Sobre quem existe a «suspeita fundada da prática de crime». Podem ser-lhe aplicadas medidas de coacção (além das mais conhecidas, "prisão preventiva" e "termo de identidade ou residência", ainda podem ser aplicadas outras);

Acusado
- Sobre quem, depois de passar pela fase de arguido, é formalizada a acusação pelo Ministério Público;

Pronunciado
- (ou não pronúncia) é quando o «arguido ou outros intervenientes do processo não se conformam com a acusação ou o arquivamento do processo» pelo Ministério Público, podendo requerer a instrução («comprovação do inquérito»). Após esta fase o processo segue para julgamento.

Condenado
- Quando o arguido é considerado culpado dos crimes de que é acusado.

Um verdadeiro Campeão


Desta vez não foi a de ouro, foi a de prata! Ainda assim é um Campeão.
Parabéns Nelson!


2009 - Campeonato do Mundo = Prata
2009 - Universíadas = Ouro
2008 - Jogos Olímpicos (Pequim) = Ouro
2008 - Campeonato do Mundo de Pista Coberta = Bronze
2007 - Campeonato do Mundo = Ouro
2005 - Campeonato da Europa Sub-23 = Bronze
2003 - Campeonato da Europa Juniores = Ouro
2003 - Campeonato da Europa Juniores = Ouro (Triplo Salto e Salto em comprimento)
2001 - I Festival Olímpico da Juventude Europeia = Ouro


17/08/2009

Campanha eleitoral - I

E assim se faz campanha eleitoral para as autárquicas em Alcochete.
Uma imagem vale por mil palavras... e quanto valerá uma cacetada?!

Ao lado destes senhores, o Sr. deputado José Eduardo Martins e o Sr. ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, são uns verdadeiros aprendizes.

É nestes políticos que o povo deve confiar?!

Veja a notícia do jornal i aqui.

Livro de Reclamações

A partir de hoje já é possível ver o seguimento dado às reclamações feitas no "Livro de Reclamações".

Porque ainda assim há necessidade duma intervenção humana, não podemos esperar ver a reclamação a "andar" nos dias imediatamente a seguir ao momento em que a escrevemos.

O link é: http://rtic.consumidor.pt/home

Ass:
Um defensor deste instrumento de defesa do consumidor.

15/08/2009

Há com cada cromo...

Há coisas que se dizem que me deixam boquiaberto. Então neste últimos dias têm sido demais. É por estas e por outras que quando se tenta falar ou discutir política, uma grande maioria das pessoas "desliga" por completo. Deixo de ter argumentos para as dissuadir...

Ouvi esta noite nas notícias um Sr. vice-presidente do PSD, Aguiar Branco, talvez empolgado pela noite algarvia ou pelo calor, apelar ao voto no PSD porque «este é um governo sob suspeita»... mas será que se esqueceu que o PSD, mesmo sem vencer as eleições, elegerá deputados acusados pela justiça? Entram na AR em Setembro e em Outubro sentam-se no banco dos réus.

Depois, na reacção à entrevista de Ferro Rodrigues ao jornal Expresso, ouço o Prof. Fernando Rosas a "recusar" coligações com «este PS», o «governo do corte dos investimentos públicos» (na Antena 1)... mas será que o Prof. está a falar mesmo do PS? É o governo do PS que corta nos investimentos públicos? Ui, que tenho andado distraído...

Ainda, Ferro Rodrigues na entrevista ao Expresso volta a remexer no tema das coligações... um tema que está mais que discutido e todos partidos já se manifestaram desfavoráveis a tal coisa (naturalmente, e as pessoas não são parvas para perceber que o governo que sair destas eleições se não tiver uma maioria absoluta terá que ter muito "jogo de rins" para fazer passar diplomas na Assembleia da República - passa-se ao estilo "uma mão lava a outra").

Começo a ficar seriamente preocupado pois cada vez mais fico com a impressão de que alguns destes "políticos profissionais" nos tomam a todos por parvos!

Cheira-me que a campanha para estas legislativas vai levar o mesmo rumo que levou a de 2005. Em vez de se fazer "política de verdade" vamos ouvir partidos degladearem-se com insultos e ataques pessoais, ou seja, tudo aquilo de que Portugal não necessita neste momento.
Será seguramente mais uma oportunidade desperdiçada de se recuperar a credibilidade que a classe política nunca deveria ter perdido.
O país não necessita de demagogia. Precisa de soluções!

A parte divertida da noite foi quando ouvi a explicação do Sr. Mendes Bota para não ter convidado a Sra. Manuela Ferreira Leite para a "festa" (definição de "comício" para a presidente do PSD) porque não é do seu gosto levar «duas tampas seguidas da mesma rapariga no mesmo baile».
Desta vez não foi a gripe...


Há com cada um...

13/08/2009

Incêndios


Já não chegavam os incêncios que todos os anos fustigam o país, ainda temos mais um:

«Listas de Manuela Ferreira Leite incendeiam PSD»

Uma peça que resume muito bem uma parte da polémica instalada... talvez se a Sra. MFL a tivesse lido compreenderia o porquê de tanta «preocupação com as listas do PSD».

Não posso, no entanto, deixar de concordar com ela quando diz que este tema não deverá servir para desviar as atenções dos problemas mais sérios de Portugal. É preciso no entanto que o seu partido apresente soluções para esses problemas e as formas que utilizará para os ultrapassar caso tenha a oportunidade de ser Governo.

Interessante é a opinião de Ângelo Correia (e que subscrevo na integra): «"Se Ferreira Leite falhar, foi ela própria que escolheu o seu sucessor".»

Por falar em incêncios e Governo, duas notas:

Governo - Estou a fazer um esfrço para ler todos os programas de governo: para já o do PSD é fácil, 3 páginas (aguardo o completo); o do PS são 120 páginas (tenham dó); o do PCP com pouco mais de 50 tem algumas passagens que já me tiraram do sério (mas julgam que as pessoas são assim tão estúpidas?!); o do CDS-PP ainda não o encontrei; o do BE, 110 páginas, mais uma estucha. Farei alguns comentários lá mais para a frente.

Incêndios - a minha homenagem a todos os Homens e Mulheres que por esse país fora põem diariamente a sua vida em risco combatendo o lume (muitas vezes provocado intencionalmente) para salvar um dos mais preciosos bens do planeta assim como, em alguns casos, bens pessoais.
Ao mesmo tempo uma palavra de agradecimento a todos os elementos que promovem a investigação e se lançam na procura e perseguição dos agentes (humanos) catalizadores de centenas de incêndios todos os anos.

O jipe do Sr. Presidente

Já não é a primeira vez que o Sr. Presidente toma a iniciativa de se pronunciar sobre temas e no final verifica-se que o silêncio teria sido a melhor solução.
O célebre discurso sobre o estatuto político-administrativo dos Açores e a "preocupação" manifestada com um negócio entre entidades privadas (onde o Governo dispõe duma golden share) são dois exemplos claros disso mesmo.

Na semana passada assistimos a mais um episódio:
«Que há muitos, muitos diplomas para analisar, isso posso garantir que há. Nunca me recordo de tantos diplomas. Eu penso que quase enchem um jipe.»

Pois no sábado, o Expresso recordou o Sr. Presidente que já foi Primeiro-ministro e que ele próprio contribuiu, em tempo de férias, para "encher jipes" com diplomas para analisar. Segundo o semanário é ele mesmo quem detém o recorde de mais diplomas enviados para promulgação.
Vou ficar à espera do número oficial, pois serão precisos mais de 119 para bater o recorde estabelecido em Agosto de 1991 pelo então «Sr. Silva» (como Alberto João Jardim o chamou).

É por estas e por outras que lá se vai a tão famosa "cooperação institucional"... tal como no tango, são precisos dois para dançar!

11/08/2009

Vésperas

Mais um dia, mais um "tropeção" de MFL (acho que Pacheco Pereira encontrou a melhor expressão para alguns comentários públicos da sua líder).

Recuperada da gripe que a impossibilitou de estar presente em eventos que odeia, nomeadamente no comício de Chão da Lagoa, a líder do PSD enumerou, em poucos dias, o segundo tema que não discute em vésperas de eleições: «ataques políticos».
Ora para MFL em vésperas de eleições não se discutem as «iniciativas que tenham por objectivo dar maior transparência à vida política e à democracia» nem se comentam «ataques políticos». Resta ainda saber que outros temas não se discutem nesta altura. Serão os programas eleitorais outro "tema tabú" nestes períodos?!

Se já era conhecida a vontade de privatização de alguns serviços como saúde e pensões, isto é, minimizar ao máximo o papel do Estado, ao lermos o seu artigo de opinião esta semana no Expresso ficamos também a saber que o que interessa é legislar pouco: «Para que um país progrida é essencial que as pessoas se sintam livres para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, em vez de ser a lei a desenhar todos os contornos do que é permitido». Portanto, uma visão minimalista também no que a legislação respeita.

Na falta da apresentação de soluções para os problemas que acusa (um pouco ao estilo de Medina Carreira) fico com a impressão que o PSD se está a afastar do papel de partido de alternativa governativa. Se internamente o partido não se mostra coerente entre os chavões que apregoa e as acções/atitudes que toma (e lembro-me do outdoor que transcreve um pedido feito ao call center do PSD, «Façam política com as pessoas», mas dentro do partido só se faz política com os amigos) que confiança o PSD poderá transmitir ao portugueses?
A forma escolhida para a a composição das listas de candidatos a deputados, uma espécie de autoritarismo ("quero, posso e mando") que criou guerras internas, também não me parece que vá no sentido de reafirmar o PSD como um partido que pode assumir o controlo do país sem voltar a meter o pé na argola como no tempo de Durão e Santana (isto para não irmos mais atrás...).

Se tomar em consideração os "tropeções" e a "necessidade de interpretação especial" de MFL assim como o seu passado político enquanto membro de governos, olhar para o historial de alguns dos deputados que surgem agora como sendo uma renovação (João de Deus Pinheiro, Pacheco Pereira, Couto dos Santos...), ou constatar ainda que existem lá colocados candidatos que encontram neste momento acusados judicialmente, julgo que há mais probabilidades de se instalar o tão famoso "clima de ingovernabilidade" com uma vitória do PSD, independentemente da dimensão, do que com um governo minoritário do PS nas próximas legislativas.

Porque a minha memória não é tão curta como a de alguns, lembrei-me de ver onde estava (ou se estava) colocado o actual deputado José Eduardo Martins (o tal que mandou para o "alho" um colega de profissão em plena Assembleia da República - um deputado do PS). Surpresa ou talvez não, é o cabeça-de-lista por Viana do Castelo.
É seguramente mais "Política de Verdade".


Como irritar a Sra. Clinton

É simples... basta perguntar a opinião do seu marido sobre temas de política internacional!

Ao que parece um estudante no Congo deve ter julgado que a Sra. Hillary Clinton, a actual Secretária de Estado dos EUA, estaria ali em representação do seu marido (antigo Presidente dos EUA).

08/08/2009

Eterno Raúl

O panorama cultural português ficou hoje mais pobre.
Morreu um grande actor português e um ser humano generoso: Raúl Solnado.

Conhecido como "humorista" quando na verdade foi um "actor com um enorme sentido de humor", são vários e de grande qualidade os trabalhos que deixa para as actuais e futuras gerações de actores e humoristas.

Destaca-se ainda o trabalho que desenvolveu em prol dos actores e artistas portugueses (por exemplo o seu papel na fundação da Casa do Artista e do Teatro Villaret)

Deixa saudades...






Os fins justificam os meios...

«Mas esta natureza convém saber colori-la, ser-se grande fingidor e dissimulador; e são tão simples os homens, e obedecem tão bem às necessidades presentes, que aquele que engane, sempre há-de ter quem se deixe enganar[...]. A um Príncipe não é pois necessário que possua as sobreditas qualidades, sendo porém de grande precisão o parecer tê-las[...] Como de parecer piedoso, fiel, humano, generoso, e até sê-lo; impõe-se-lhe porém ter o espírito instruído de tal modo que, sendo preciso não ser tais coisas, possa e saiba tornar-se o contrário delas.»

Este pedaço de texto foi escrito em 1532 por Nicolau Maquiavel. Pertence à sua (grande) obra O Príncipe.
Mal interpretada na maioria das vezes, esta é uma das mais importantes obras das Ideias e Teorias Políticas.
Refira-se que a expressão "maquiavélica" (ou "maquiavélico") é aplicada quando se pretende conotar determinado indivíduo ou acção com uma "maldade extrema". Isso graças à interpretação feita erradamente deste trabalho.
As teorias expressas por este autor no século XVI são facilmente aplicáveis nos tempos que correrem. Não esqueçamos que foi um dos pioneiros na defesa dum dos pressupostos das democracias actuais: a separação do Estado e da Igreja e ainda o monopólio da violência pelo Estado.

(Recomendo a leitura desta obra despida de preconceitos... não foi pelo facto de terem lido este livro que Hitler ou Mussolini se tornaram ditadores... algures ouvi que este também era um livro de cabeceira do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e não é por isso que o vemos a proferir comentários que possam indiciar tendências ditatoriais... significa apenas que consideram O Príncipe uma boa obra de teoria política. É importante, antes de iniciar a leitura, contextualizar a obra com a Itália da altura - uma manta de retalhos, isto é, um aglomerado de Principados.)

Não pretendendo entrar na área reservada aos filósofos, nomeadamente à filosofia política, podemos encaixar Nicolau Maquiavel na área da "Ética Teleológica", ou seja, as teorias defendidas por este autor podem ser encaixadas no "estudo do fim".
Porque a "Ética" é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral (sendo este último conceito o conjunto de princípios, juízos ou normas aceites por uma sociedade), a "Ética Teleológica" é aquela defende que o valor da acção reside nas suas consequências. É portanto uma ética consequencialista, onde as boas e más acções se devem medir pelas consequências que delas resultam.
É, tal como Maquiavel concluiu, onde «os fins justificam os meios».
Uma outra vertente da ética é a "Ética Deontológica" que não é mais do que o oposto à anterior: trata-se da teoria do dever onde o valor da acção reside na intenção com que é promovida. Independentemente das consequências, a acção é boa (ou má) se a intenção for boa (ou má).

A propósito da elaboração das listas do PSD para as legislativas, os meios de comunicação social foram preenchidos com conceitos de "ética" (ou falta dela) e "moral".
Na verdade aquilo que foi (e continua a ser) publicado em jornais, TV e rádios não passam de "reflexões éticas". Tratam-se assim, não de estudos sobre os actos ou consequências da inclusão de pessoas acusadas (não arguidas) e de fiéis partidários e a exclusão de opositores nas listas de candidatos a deputados na AR (o que vai verdadeiramente a votos e não um primeiro ministro como alguns julgam - outro tema que «daria pano para mangas»), mas sim de "reflexões éticas" que é o que permite ao ser humano pensar a sua acção em função de um fim desejável, que ele escolheu, por considerar conveniente.

Desta forma pode-se perfeitamente aceitar que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, quando confrontada com a ideia de se tornarem politicamente inelegíveis pessoas que estejam acusados judicialmente responda que «O PSD está de acordo e apoiará todas as iniciativas que tenham por objectivo dar maior transparência à vida política e à democracia. Estamos disponíveis para discutir, mas não em véspera de eleições» ou que «em vésperas de eleições não se discutem assuntos tão sérios».
Então Sra. Manuela Ferreira Leite, quando deverão ser discutidos estes «assuntos tão sérios»? Depois de eleitos para a Assembleia da República ou Autarquias candidatos que enfrentam «em vésperas de eleições» acusações em processos judiciais?
Naturalmente que tenho presente o princípio de que todos são inocentes até provas em contrário, mas não existe nestes casos a necessidade de imposição de princípios morais (não se trata de ética!?)?

O que é feito do projecto de lei aprovado na generalidade em 2006 na AR que estabelecia algumas regras no sentido de «dar maior transparência à vida política e à democracia»?
Pelos vistos não houve qualquer discussão sobre a matéria... nem depois nem em «véspera de eleições»!
Pergunta o Prof. Marcelo no seu blogue «António Preto e Helena Lopes da Costa, elegíveis para o Parlamento por Lisboa. Ambos acusados, e não arguidos, em processo-crime? Se assim fosse, como haveria o actual PSD concordar com a lei de Marques Mendes?»
Começa a ser pouco evidente (ou talvez não) a "Política de Verdade" tão defendida pelo PSD.

Não estaremos nós perante uma evidência de que as teorias do século XVI de Maquiavel são efectivamente aplicáveis nos dias de hoje?
«Mas esta natureza convém saber colori-la, ser-se grande fingidor e dissimulador; e são tão simples os homens, e obedecem tão bem às necessidades presentes, que aquele que engane, sempre há-de ter quem se deixe enganar».

Recordemo-nos de todo o percurso desta liderança do PSD, com os seus sucessivos tropeções (como diz Pacheco Pereira), afinal não foi só no tempo de Santana Lopes, e vem à memória a fábula de George Orwell, A Quinta dos Animais, em que no início do domínio dos animais os princípios regentes foram resumidos a 7 mandamentos, posteriormente alterados em função das circunstâncias, e por fim resumidos em apenas um mandamento: «Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros».

Parafraseando o antigo líder do PSD, Marques Mendes, «basta de hipocrisia».
Volto à velha pergunta (de retórica, seguramente): como pretendem os políticos de hoje dignificar a classe governante?

Recomendação de leitura: «A arte da mentira política» atribuído a Jonathan Swift. Um texto de 1733. A edição que conheço é da FENDA EDIÇÕES, LDA de 1996.

05/08/2009

Opiniões e opiniões

As férias estão a acabar, as legislativas mais próximas e a "luta" política promete aquecer.

Há muitos anos que não passava uma temporada no Algarve. Este ano livrei-me de preconceitos e acedi passar uns dias no sul de Portugal contando que a estadia não fosse na parte confusa deste território nacional virado para o turista.
Naturalmente que "cada um é como cada qual" mas fiquei com a sensação que é preciso muito mais do que campanhas para atrair o turista para o Algarve.

Além do requisito "speake english", "parle fançais" ou "sprechen sie deutch" um dos obrigatórios e principais deveria ser "boa educação" ou "simpatia para os clientes".
Na pior das hipótses a capacidade de perceber que é o cliente que, ao consumir, está a contribuir para o vencimeno ao final do mês ou da semana.
Muitas vezes, num curto espaço de tempo, senti que, como cliente, estava a incomodar... tavez o problema tenha sido o meu "sotaque português"!
Quando passei a fronteira Algarve/Alentejo, senti imediatamente a diferença para melhor.

Turismo de qualidade não é no Algarve... é no Alentejo! Simpáticos e acolhedores, sabem receber as pessoas e deixam vontade para lá voltar.
Definitivamente, Algarve... outra vez... hesito!

Quando deixava de ser um incómodo em território algarvio, a ùltima despesa que lá fiz incluía o Jornal de Negócios.
Uma notícia que me deixou bastante satisfeito foi a de que os candidatos eleitorais passam a estar proibidos de fazer opinião na comunicação social em períodos de campanhas.
Esta proibição fica sem efeito se os meios de comunicação dispenderem o mesmo tempo de antena a todos os candidatos.
Talvez este seja um passo importante para que os espaços de opinião que enchem a TV e os jornais sejam de facto reservados à opinião e não acampanhas de auto-promoção como as que assistimos ainda muito recentemente antes e depois das eleições europeias.

Felicito a Entidade Reguladora para a Comunicação Social na aprovação desta directiva.
Deixe-se os espaços de opinião para aqueles que conseguem emitir opiniões sem que por trás tenham a bandeira partidária.


Veja a notícia aqui.

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