Confesso que não gosto do termo "Politólogo". Ainda que o termo derive de "Politicologia", em termos mais simples "Ciência Política", sempre que ouço esse termo lembro-me dos "Tarólogos" e "Astrólogos" que lidam com matérias dos domínios do "futurismo" e "adivinhação".
Já o "politólogo", ou "cientista político" (ainda que seja uma designação mais extensa, é a que prefiro), lida com factos históricos, políticos , estatisticos e ainda teorias.
A análise por um ciêntista político de uma determinada situação política e que resulte numa "previsão", ao contrário do que se poderá pensar, esta não é baseada na "futurologia" ou em "premonições". Poderá tratar-se duma "previsão" que tem na sua base uma conjugação de n factores empíricos que, combinados, poderão descrever situações iguais ou semelhantes a outras que tenham até ocorrido já antes.
E, a bem da verdade, ainda que também lhe seja solicitada essa tarefa de fazer "previsões", o exercicio dum cientista político é na sua essência a de encontrar explicações e as razões para os acontecimentos políticos a que diariamente estamos submetidos.
Como escreveu Pedro Magalhães no seu último artigo de opinião no Público (Julho de 2009), a tarefa dum cientista político é a de «descrever o mundo político o melhor possível e procurar explicações plausíveis para que ele seja como é. Só isso já é bastante. Para pundits, creio, já bastam os que existem.»
É com os resultados dessa procura que os cientistas políticos podem contribuir de forma determinante e positiva para um melhor esclarecimento das situações da vida política que todos os dias se cruzam com as nossas vidas pessoais.
«Sugerir que a ausência dos politólogos - especialmente daqueles que “procuram separar análise política da sua posição política particular” - seria algo benéfico para o debate político parece-me tão insensato como defender, por exemplo, a ausência dos criminólogos, dos sociólogos, dos juristas e dos economistas dos debates sobre o crime, a sociedade, o direito ou a economia. Quem conhece as polémicas que rapidamente emergem quando se põe mais do que uma destas pessoas numa mesma sala sabe que nenhuma delas tem uma relação privilegiada com a Verdade. Mas têm alguns atributos particulares que não são irrelevantes: uma relação habitual com as fontes de informação empírica sobre os assuntos de que são especialistas; a inserção numa comunidade que lhes impõe custos de reputação se distorcerem deliberadamente essa informação; e uma preocupação com inserir aquilo que dizem numa teoria qualquer para explicar por que razão o mundo é como é.»
Esta semana, o Prof. João Cardoso Rosas no jornal i, dedica o seu espaço de opinião habitual aos politólogos. Não poderia estar mais de acordo quando o Prof destaca o papel e a importância dos ciêntistas políticos na discusão pública dos temas políticos:
«Será que o debate público em Portugal ganha alguma coisa com a intervenção dos politólogos (para além do seu trabalho mais académico e de bastidores, claro)? Sinceramente, creio que sim. Pense-se em alguns dos principais intervenientes nesse debate e que são também figuras centrais na comunidade da Ciência Política: Adriano Moreira, Manuel Braga da Cruz, João Carlos Espada, Maria José Stock, António Costa Pinto, Pedro Magalhães, André Freire, Marina Costa Lobo e tantos outros. Todos eles têm uma intervenção pública que, na minha opinião, permite elevar o discurso sobre as coisas políticas e afastá-lo do uso tendencialmente instrumental que dele é feito pelos próprios agentes políticos.»
O que acontece frequentemente é vermos debates e interpretações políticas promovidas «pelos próprios agentes políticos» disfarçadas de análise política.
04/03/2010
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