17/02/2010

Coisas do passado

Há coisas que são sempre actuais e por isso nunca se conseguirá dizer que são coisas do passado.

Este últimos dias não temos visto na ("amordaçada") comunicação social outra coisa senão planos, estratégias ou teorias sobre como o Governo pretendia absorver, em parte ou na sua totalidade, empresas ligadas à imprensa para assim controlar os seus conteúdos ou mesmo eliminar "personagens" incómodas ao PS e o Governo.

Pessoalmente, e já aqui o manifestei, custa-me um pouco a acreditar que esse "plano" existisse. Mas também não sou ingénuo o suficiente para não saber que existem formas dos governos se manterem "próximos" da comunicação social.
Não é por acaso que vemos hoje, e vimos no passado, alguns jornalistas que suspendem a sua profissão e assumem cargos de assessoria nos gabinetes do Governo e Presidência.
E não há nenhum mal nisso!
O mal é quando os jornalistas no activo se deixam influenciar pelos assessores ou quando esses jornalistas se colocam num pedestal e tentam ser "mais papistas que o Papa" esquecendo a função principal do que é ser jornalista para passar a usar um meio de comunicação para emitir opiniões eu situações do "ouvi dizer".

Dois exemplos flagrantes disso, de pessoas que perderam a noção do que é ser jornalistas e se assumiram como comentadores e fazedores de opinião usando espaço nos média que deveriam ser ocupados com outros conteúdos, são Manuela Moura Guedes e Mário Crespo.

E para quem acha que não há "Liberdade de expressão" veja a capa de hoje do jornal "o Diabo" e depois reflicta.
Já agora, seria importante que se entendam verdadeiramente as diferenças entre "liberdade" e "libertinagem".

Penso também que está na altura dos órgãos de comunicação, e os grupos que os detêm, assumirem de uma vez por todas as suas tendências políticas. Já acontece noutros países e não se têm dado mal com isso.
Um acto que contribuiria para uma maior justiça para o "consumidor" de notícias ficando este a saber com que contar quando compra um jornal, ouve uma rádio ou vê uma televisão.
Assumam-se de esquerda, centro, direita, ou independentes. Isso tornaria a situação da comunicação social muito menos nebulosa.

Mas tudo isto faz-me pensar. Pior. Faz-me recordar.
Lembro-me de governos que tentaram acabar com a Alta Autoridade para a Comunicação Social porque dava pareceres contra as intenções do Governo para a RTP; lembro-me de governos que correram com comentadores políticos (e não só) de televisões privadas porque emitiam opiniões contra o partido do governo (e ao qual ele pertence também); lembro-me da criação de notícias por parte de assessores sobre alegadas escutas na Presidência; lembro-me de lideres partidários que defendiam que não deveria ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite; e lembro-me da tão falada "asfixia democrática".
No entanto, tudo isso foi esquecido e nada disso passou por comissões de ética ou outras quaisquer... tudo isso promovido por quem hoje defende a existência dum plano para tomar conta da comunicação social.

Atenção que não estou com isto a dizer que lá por que outros o fizeram agora este ou os próximos governos o possam fazer também. Nada disso.
O que não gosto é que as pessoas apontem para o umbigo dos outros sem que primeiro olhem para o seu.
Já diz o povo: «se tens telhados de vidro não mandes pedras ao telhado do vizinho»!

Mas uma coisa é certa: se esse plano existiu (o que me custa a acreditar) então significa que o Governo e José Sócrates ainda têm muito que aprender.
Se havia de facto essa intenção então deveriam ter posto os olhos no Alberto João Jardim que "cala" a comunicação social, ainda que à conta do erário público, mas de forma mais súbtil e sem estardalhaço (e já que falo nisso, também não vi qualquer comissão de ética a pronunciar-se sobre o assunto):

«a EDN - Empresa Diário de Notícias, detida maioritariamente pelo Grupo Blandy, não dá sinais de recuo e responsabiliza a crise, Alberto João Jardim e a concorrência desleal do "Jornal da Madeira" ("JM"), pela actual situação financeira da empresa
[...]
sofreu um forte agravamento a partir do ano de 2008 pela circulação gratuita do 'JM' e pelo aumento da sua tiragem para 15 mil exemplares por dia, pagos pelo erário público à razão de 10 mil euros por dia"
[...]
o objectivo do presidente do Governo Regional é óbvio: "Liquidar o 'DN-Madeira'", acusa, acrescentando que em tempos Alberto João Jardim afirmou publicamente que iria "expropriar a EDN"»

(o resto da notícia aqui)

Vá lá perceberem-se certas coisas...


1 comentário:

  1. O que esperavam do Idi Amin das ilhas? Comportamentos democráticos? O pior é que alguns dos aliados do sujeitinho cá nestas bandas estão desejosos de lhe seguir o exemplo, e acusam os outros de quererem calar a democracia-tática descarada de deitar areia para os olhos.

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