27/09/2009

Resultados I



Estão apurados os resultados para as 4.260 freguesias, faltando ainda os votos dos portugueses no estrangeiro que equivalem a 4 mandatos na AR.

Perante estes resultados, ainda que provisórios, podemos verificar o seguinte:

- A julgar pela distribuição dos dois mandatos da "Europa" e os outros dois de "Fora da Europa" em eleições anteriores, muito provavelmente os PS ficará com 97/98 deputados e o PSD 81/80;

- Numa primeira análise, o PS terá perdido cerca de meio milhão de votos (504.741) e, a confirmar-se o ponto anterior, terá menos 24 deputados na Assembleia da República. Ainda assim deverá considerar-se um bom resultado tendo em vista a iniciativa reformista que este Governo teve e o clima social e económico que vivemos (em verdade, não exclusivamente português);

- O PSD terá aumentado o número de votos em relação ao resultado de 2005 nuns aparentes 6.857 votos (3 deputados), isto é, mais 0,39% que o resultado obtido por Pedro Santana Lopes. No entanto, devemos lembrar que na altura o PSD concorreu coligado com o PPM e MPT que equivalem a cerca de 15.000 votos (visto que o MPT este ano se coligou com o PH, que em 2005 obteve mais de 16.000 votos, considero para efeitos apenas os votos do PPM que são facilmente identificáveis). Penso, por isso, que podemos arredondar os números e estimar que, para já, o PSD terá tido um aumento real de cerca de 20.000 a 22.000 votos nestas eleições - "objectivo cumprido" dizem alguns dirigentes do partido ainda que reconheçam a derrota (tal como previa, os únicos a fazê-lo) visto que pretendiam ser o partido mais votado.
Julgo que o PSD perdeu muito em centrar a sua campanha nas "conspirações" e, principalmente, no apelo ao voto de protesto.
Já começaram a soar as vozes discordantes e, como era expectável, António Preto e Helena Lopes da Costa foram eleitos para deputados na AR pelo círculo eleitoral de Lisboa.
Com este resultado, uma repetição do obtido em 1985, não se prevêem dias pacíficos no interior do PSD.

- O BE aumentou o número de votos em 192.702 e com isso a sua representação na AR passou de 8 para 16 deputados. Deixa assim de ser o 5º partido com representação parlamentar passando a ser o 4º.
A maior "queda", ainda que também com aumento de votos (mais 14.174) e deputados (mais 1), é a da CDU que deixa de ser a 3ª força representada para passar a ser a 5ª.

- Paulo Portas e o CDS-PP conseguiram dois objectivos importantes: serem superiores ao BE e assumirem-se como a 3ª força na AR. A campanha centrada na questão dos subsídios, nomeadamente o RSI, conseguiu chamar muitos eleitores a votar CDS-PP. Verifica-se um aumento de 177.142 votos e 9 deputados.
Com este resultado, Paulo Portas e os seus deputados podem ter adquirido um valioso "poder negocial" no que respeita à aprovação de diplomas no Parlamento... e Portas sabe disso.

- Constata-se que PSD e CDS-PP juntos, comparativamente com 2005, tiveram um aumento de votos que rondam os 185.000 a 200.000 este ano significando que esta duas forças cresceram apenas 3% a 4% em relação a 2005, muito graças ao CDS.

- A abstenção, a confirmar-se nos 39,40%, é a maior desde 1976. Este foi também o acto eleitoral com maior número de inscritos.

- Com o aumento dos inscritos e da abstenção verificados nestas eleições, parece-me pouco correcto, sem dados que o comprovem, especular sobre as deslocações do eleitorado.

Para ver melhor o quadro que elaborei basta premir em cima da figura.

Voltarei ao tema assim que os resultados sejam definitivos e com as devidas actualizações.


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