Os acontecimentos dos últimos dias são inacreditáveis e, diria até, inadmissíveis quando são protagonizados por políticos profissionais com aspirações a chefiarem o Governo de Portugal.
Antes de ir à asfixia e à Madeira, não posso manifestar a minha total estupefacção com as declarações do Sr. Louçã relativamente à adjudicação de obras com preços inflacionados por parte do actual Governo.
Estas declarações, ainda que ostentadas como bandeira de campanha do BE uns dias antes, tiveram um maior impacto no debate de dia 8 de Setembro.
Nesse mesmo dia quando esse argumento foi contrariado ainda teve a coragem de ironizar dizendo que já se sabia como é o caso ia acabar.
Já tive oportunidade de o dizer aqui: não gosto que tentem fazer de mim parvo!
Por isso, é importante que o Sr. Louçã, um político profissional, seja honesto naquilo que diz. E lembro que já no dia 20 de Agosto, cerca de 3 semanas antes do debate, o Jornal de Notícias dava conhecimento de que já tinham sido comunicadas «recomendações de não adjudicação devido ao aumento do Valor Actualizado Líquido (VAL) do esforço financeiro da EP da primeira para a segunda fase do concurso.»
Demagogia radical à parte, fico muito apreensivo e receoso quando ouvi chamar "bom Governo" ao que é praticado pelo Sr. Jardim. Medo...
Mas temos que ser justos e fazer aqui uma correcção: a Sra. não disse que o que faz o Sr. Jardim é um «exemplo de um bom Governo». Na verdade, o que disse foi que o que ali existe é um «exemplo de um bom Governo PSD». E, verdade seja dita, tem toda a razão!
Quando desta forma tão clara se explica o que se entende por um «bom Governo PSD», realmente, para que se precisa dum programa eleitoral?
Acho que ficam cada vez mais claras as opções de escolha para o próximo dia 27 de Setembro.
Não pude deixar de reparar que para a pré-campanha eleitoral dum partido, neste caso do PSD, se usam recursos do Governo Regional da Madeira, nomeadamente viaturas oficiais, pagos com recurso a impostos.
Ora aqui está outro belo exemplo que o PSD dá aos portugueses relativamente ao controlo da despesa pública (já para não falar do período 2003-2005).
Ainda em terras do Sr. que ocupa o cargo de Presidente do Governo Regional da Madeira e que aos jornalistas que não concordam com ele responde «fuck them»*, a Sra. Manuela Leite ousa falar em «asfixia democrática» em Portugal continental e na inexistência dela no arquipélago madeirense.
Achei muito interessante o editorial do Jornal de Negócios do dia 8 de Setembro assinado pelo Director Pedro Santos Guerreiro:
«O critério de Manuela Ferreira Leite para identificar a Madeira como um exemplo do melhor do que o PSD é e quer ser é o mesmo com que Elvis Presley vendia discos há 50 anos: tantas pessoas não podem estar erradas. Ir à Madeira negar a asfixia democrática é como ir à China celebrar o respeito pelos direitos humanos. O banho de multidão é encantório e ainda ontem fez parar o trânsito - e talvez também o cérebro.»
Andei a vasculhar os meus arquivos e encontrei um discurso do qual deixo aqui uma pequena parte:
«A Senhora Dr.ª Manuela Ferreira Leite, a Quem muito prezo e respeito e que tenho pena que não esteja aqui para ouvir isto, faria um grande Serviço ao partido, não se candidatando. Não tem hipóteses de ganhar 2009. Se a Senhor Dr.ª Manuela Ferreira Leite, ou outros de certo modo exóticos, persistem em ir para a frente, representarão, todos, sem excepção meras facções do partido. Com o risco de fazerem o Partido implodir, na sequência das eleições internas. Não tenham ilusões!»
O autor deste discurso foi proferido pelo Sr. Jardim no Conselho Nacional do PSD em Agosto de 2008.
* Foi muito o alarido feito com o gesto feito pelo ex-Ministro Manuel Pinho, e que lhe valeu a demissão. Mas onde está a reacção da suposta classe jornalística às palavras injuriosas (mais uma vez) do Sr. Jardim?
Desta vez foi ainda mais directo aos jornalistas: «fuck them».
Umas vezes reagem como "virgens ofendidas" e noutras revelam-se muito distraídos. Ou será este um exemplo da não existência da «asfixia democrática»?
10/09/2009
Olha para o que digo e não para o que faço...
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