15/09/2009

Debates - ... e acaba aos 10!

Sócrates vs Louçã
- A convergência inicial sobre a IVG não serviu para amornar o tom do debate que viria a seguir. Menos combativo do que esperava, trouxe algumas novidades. Uma discussão onde Francisco Louçã enumera situações pontuais como reflexo do país e onde Sócrates responde com indicadores que nada dizem ao primeiro.
O tom dos intervenientes elevou-se mas o momento que fez gelar Louçã foi quando Sócrates pegou nas nacionalizações e no fim dos incentivos fiscais na área da saúde, educação e PPR’s propostos pelo BE no seu programa eleitoral.
A resposta foi um tanto ou quanto atrapalhada, talvez resultado da surpresa que este ataque terá provocado. Parece-me que Louçã estaria preparado para “jogar ao ataque” contando que Sócrates permanecesse na defesa.
O Secretário-geral do PS, com algum sucesso, conseguiu encostar o líder do BE à esquerda mais radical e com isso, não sendo um debate brilhante, deixou curiosas algumas pessoas relativamente às políticas defendidas pelo BE.

Ferreira Leite vs Jerónimo
- Jerónimo de Sousa manteve durante todo o debate uma atitude de ataque relativamente ao PSD. Naturalmente que isso aconteceu porque o eleitorado do PCP está à esquerda e não junto do PSD não correndo, por isso, o risco de perder votantes. Ainda assim parece-me que o objectivo de cativar os indecisos ou ir conquistar alguns votos ao PS não terá sido atingido.
Talvez tentando seguir a linha de José Sócrates no confronto com Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa tentou atacar o programa do PSD com a alusão ao facto da parte respeitante à justiça ter sido “copiada” dum relatório do Compromisso Portugal que, como se sabe, junta uma série de empresários portugueses, logo um sector da sociedade ao qual o PCP dedica algum do seu tempo a atacar.
Manuela Ferreira Leite voltou a “tropeçar” (como diz Pacheco Pereira) na «asfixia democrática» que lançou para a discussão pública com a reafirmação da sua existência no continente e negando-a no arquipélago da Madeira. Aqui, o seu embaraço fê-la fugir ao centro da questão colocada pela moderadora do debate.
Parece-me que deste confronto houve muito pouco a retirar, ambos os candidatos entraram como saíram, e onde destaco apenas mais dois pormenores. A confusão da antiga Ministra das Finanças entre IRC e IRS atribuindo ao primeiro imposto a taxa mais alta de 42% quando na verdade é de 25%. O segundo aspecto diz respeito à declaração de que «o PSD foi durante10 anos Governo e houve crescimento». É naturalmente uma afirmação tendenciosa pois peca por incompleta. Referindo-se claramente aos governos de Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite falhou na explicação de que a razão desse crescimento se deveu essencialmente à entrada dos subsídios da antiga CEE (hoje UE), maioritariamente aplicados em grandes obras públicas, nomeadamente auto-estradas.

Ferreira Leite vs Portas
- Não tive oportunidade de assistir com a devida atenção este debate. Ainda vou tentar ver…

Portas vs Louçã
- Não tive oportunidade de assistir com a devida atenção este debate. Ainda vou tentar ver…

Sócrates vs Ferreira Leite
- Este debate seria a cereja sobre o bolo e sobre o qual se criaram grandes expectativas que acabaram por não ser correspondidas.
Esperava menos de Manuela Ferreira Leite e mais de José Sócrates. Mas a estratégia do líder do PS em deixar o papel de “zangado” para Ferreira Leite foi bem conseguida.
O debate não serviu para consolidar ou arrancar votos ao eleitorado do PSD ou PS. Terá porventura servido para despertar alguns indecisos mas não mais do que isso.
Incomodada com a questão de ter integrado nas suas listas candidatos acusados de corrupção e com julgamento marcado, MFL puxou o seu curriculum, trabalhos e experiência para se afirmar como uma pessoa credível reafirmando a “Verdade” do PSD e onde esses casos não poderiam ser usados para o contrariar. Mesmo que isso contradiga uma das ideias defendidas por um dos fundadores do partido, Francisco Sá Carneiro, no que respeita à ética e ao facto de que o político dever estar acima de toda e qualquer suspeita.
MFL mostrou-se novamente a “tropeçar” nas respostas e nas contradições, acabando JS por ser mais conciso e objectivo no seu discurso.
Sócrates, tentando contornar os temas mais incomodativos para o seu Governo, tentou centrar a conversa nos temas mais fracturantes e antagónicos como os investimentos públicos e apoios sociais.
Ficaram evidentes as diferenças principais entre os dois partidos e também a falta de respostas a algumas questões, por exemplo, como é que o PSD pretende colmatar os apoios às empresas e apoios sociais quando propõe a diminuição da receita fiscal nomeadamente a descida da Taxa Social Única ou o IRC.
Confrontada com o que é defendido no programa eleitoral, não ficou claro o que o PSD entende por «introdução de medidas destinadas a que a pensão de reforma dos Portugueses passe a ser crescentemente encarada também como uma responsabilidade individual, […] ou o progressivo plafonamento do valor das contribuições e das pensões mais elevadas, sempre com o integral respeito pelo principio da confiança».
Tentando justificar a intenção de não avançar para os grandes investimentos públicos, MFL apresentou um novo argumento. Quer a independência económica de Portugal relativamente a Espanha (não podemos esquecer que estamos inseridos na EU). Afirmou ainda que Espanha lucrará com o TGV em Portugal. Tal como no debate com Jerónimo de Sousa, a “história” ficou a meio pois Portugal também beneficiará, ainda mais do que Espanha, de verbas comunitárias.
Um debate muito centrado no passado, deixando alguns temas do futuro por discutir.

Acredito que esta serie de debates não terá contribuído de forma clara e decisiva para ganhar votos ao eleitorado colocado no sector “Não Sabe/Não Responde”.

A campanha eleitoral está aí e é nesta fase que tudo se decidirá.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts with Thumbnails