Não consigo não fazer referência a mais um artigo de opinião de João Paulo Guerra no Diário Económico de hoje (22.07.2010):
«O projecto de revisão da Constituição do PSD tem um inegável mérito: conseguiu congregar, contra si, um dos maiores e mais extraordinários consensos dos últimos anos na vida política portuguesa.
O apoio das associações patronais era tão esperado como a oposição dos sindicatos, num país onde a generalidade do patronato vive no século XIX, gananciosa por salários de miséria, precariedade e despedimentos selvagens.
[...]
E o PSD errou ao lançar um projecto, que deveria assentar no consentimento, procurando centrá-lo sobre um conjunto de ideias absolutamente fracturantes.
Mas o mais extraordinário é que para um projecto que necessita de apoios alargados no leque partidário, a revisão do PSD nem sequer consiga reunir o apoio unânime do próprio partido proponente.
[...]
Passos Coelho notabilizou-se, como líder do PSD, por servir de bengala ao PS na aprovação das medidas mais gravosas para os portugueses. E na primeira incursão que exigiria mobilização do seu próprio partido, sai o fiasco que está a ver-se com o projecto de revisão. Isto promete.»
Não deixa de ser verdade que Passos Coelho e o PSD erraram quando decidiram apresentar uma proposta com este conteúdo, numa altura em que o país tem outras prioridades e problemas para ultrapassar.
Mas também é verdade que esta proposta só aparece nesta altura porque o país necessita de soluções que o PSD não tem.
E até mesmo nesta proposta o PSD revela-se incapaz de apresentar ideias sem que, pouco tempo depois, não diga que "não estão fechadas" ou que serão modificadas.
Vi Miguel Relvas dizer que uma das propostas do PSD, a da "razão atendível", havida sido criticada de forma demagógica por parte dos outros partidos e, então, por isso iam modifica-la de forma a torna-la mais clara.
Então em que ficamos?! Os outros partidos foram demagógicos em relação à promiscuidade da "razão atendível" ou de facto algo está errado nesta proposta que leva o PSD a altera-la?
Uma vez mais, ficam muitas perguntas no ar.
Mas mais do que a "primeira incursão" ser um fiasco, estou quase pronto a acreditar que é o próprio PSD que se está a tornar um verdadeiro fiasco.
Paulo Portas e o CDS, que até há pouco tempo estavam na iminência de regressarem ao estatuto de partido do táxi, voltam novamente a esfregar as mãos... com mais uns discursos populistas sobre a segurança, agricultura e Rendimento Social de Inserção, abrem-se novas perspectivas.
22/07/2010
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