30/07/2010

A vida é uma treta...


(06.12.1954 - 29.07.2010)
...


... e por isso há que vivê-la da melhor maneira possível... Tirar o máximo partido de cada momento!

.

.

27/07/2010

Em Alcobaça...


Diz a canção que "quem passa por Alcobaça não passa sem lá voltar", e eu voltei lá (muitos anos depois).
De lá, trago na memória duas situações que merecem destaque.

Visitei o Mosteiro de Alcobaça e, além dum estado de conservação bastante bom, verifiquei que este monumento, na grande maioria das suas áreas, está preparado para receber pessoas com mobilidade reduzida. Nas áreas térreas, divisões e claustros, existem rampas que permitem que pessoas que se movimentam em cadeiras de rodas possam visitar o monumento (infelizmente ainda são poucos os que já contam com estas infraestruturas).
Naturalmente que, pela arquitectura da época, em algumas zonas esta acessibilidade não é mesmo possível.

Mas se o IGESPAR, que é a instituição que tem a seu cargo a gestão e manutenção deste belo monumento, pensa nas pessoas com mobilidade reduzida, já a Câmara Municipal de Alcobaça as esquece ou ignora.

Muito perto do Mosteiro, existem várias zonas de parqueamento pago pensadas exclusivamente para os veículos e não para pessoas. Nada disto seria de estranhar não fosse a forma como foram optimizadas, seguramente a pensar na maximização do espaço e do lucro, em que para permitir a paragem nos dois lados da estrada - o dobro do espaço e o dobro do dinheiro cobrado - disponibilizam-se espaços de parque pago em cima dos passeios sem assegurar a existência de zonas de passagem de peões (com ou sem mobilidade reduzida)!!

Como é que situações destas são possíveis?
Sou levado a pensar que quem fez esta proposta e quem a autorizou foram pessoas pouco inteligentes, com certeza mais preocupadas com o seu umbigo do que com os munícipes e visitantes da cidade de Alcobaça!





Situações destas devem ser erradicadas e os seus autores chamados à responsabilidade!
(estas e aquelas cujo nome do autarca em funções é usado para dar nome às infraestruturas municipais... mas essa é uma outra história!)

24/07/2010

Sobre a Guiné Equatorial

Há uma semana o Sr. Ramos Horta, que até recebeu um prémio Nobel da Paz (que terá feito ele para o merecer?!), veio dizer que via com bons olhos a entrada da Guiné Equatorial na CPLP porque a língua espanhola, oficial naquele país, era «quase um dialecto português».
Confesso que me ia desfazendo a rir! Mas depois percebi que o Sr. não estava a contar nenhuma anedota.

Como é que é possível que este Sr., que semeou o caos até conseguir chegar a Presidente da República de Timor-Leste, tenha tido o desplante de argumentar que a Guiné Equatorial, por ele, poderia aderir à CPLP porque é o único país africano cuja língua oficial é o espanhol?! Será que o Sr. Ramos Horta também equacionaria a adesão da Espanha e todos os países da América do Sul com base neste argumento?... Ou excluiria essa hipótese por não se tratarem de países africanos?

Será que lhe explicaram o que quer dizer CPLP?!
Sr. Ramos Horta, caso não saiba, CPLP é a sigla para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e não para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e Outros Dialectos Parecidos!

Mas o Sr. Ramos Horta sabe muito bem o que significa CPLP. Na verdade, lançou este argumento completamente absurdo porque não teve a coragem de dizer claramente que aprova a adesão da Guiné Equatorial por puro interesse económico - afinal é o 3º maior produtor de petróleo em solo africano.
Para o Sr. Ramos Horta até poderiam falar chinês desde que isso fosse sinónimo de dólares!
Parece-me que o dito Sr. além de esquecer a história do seu próprio país, esquece também um dos princípios pelos quais se rege a CPLP:
«Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social»


Mas sobre a Guiné Equatorial, ainda que tenha adoptado a língua portuguesa como oficial (a 3ª), a Freedom House esclarece-nos e dá-nos todos os motivos para indeferir o pedido de adesão feito:


«Political Rights Score: 7
Civil Liberties Score: 7
Status: Not Free

Equatorial Guinea is not an electoral democracy and has never held credible elections. The 2009 presidential election reportedly featured intimidation by security forces and restrictions on foreign observers, among other irregularities. President Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, who won a new seven-year term, marked his 30th year in power in 2009, making him the longest-serving ruler in sub-Saharan Africa.

[...]

Equatorial Guinea is considered one of the most corrupt countries in the world. Obiang and members of his inner circle have amassed huge personal fortunes stemming from the oil industry. The president has argued that information on oil revenues is a state secret, resisting calls for transparency and accountability.

[...]

Academic freedom is also politically constrained, and self-censorship among faculty is common.

Freedoms of assembly and association are severely restricted, and political gatherings must have official authorization to proceed. There are no effective human rights organizations in the country, and the few international nongovernmental organizations are prohibited from promoting human rights. The constitution provides for the right to organize unions, but there are many legal barriers to collective bargaining.

[...]


The judiciary is not independent, and security forces generally act with impunity. Civil cases rarely go to trial, and military tribunals handle national security cases.

[...]

Obiang’s Mongomo clan, part of the majority Fang ethnic group, monopolizes political and economic power. Differences between the Fang and the Bubi are a major source of political tension that has often erupted into violence. Fang vigilante groups have been allowed to abuse Bubi citizens with impunity.

All citizens are required to obtain exit visas to travel abroad, and some opposition figures have been denied such visas. Those who do travel are sometimes subjected to interrogation on their return.

Constitutional and legal guarantees of equality for women are largely ignored, and violence against women is reportedly widespread.
»

22/07/2010

De facto, um "Fiasco"

Não consigo não fazer referência a mais um artigo de opinião de João Paulo Guerra no Diário Económico de hoje (22.07.2010):

«O projecto de revisão da Constituição do PSD tem um inegável mérito: conseguiu congregar, contra si, um dos maiores e mais extraordinários consensos dos últimos anos na vida política portuguesa.

O apoio das associações patronais era tão esperado como a oposição dos sindicatos, num país onde a generalidade do patronato vive no século XIX, gananciosa por salários de miséria, precariedade e despedimentos selvagens.

[...]

E o PSD errou ao lançar um projecto, que deveria assentar no consentimento, procurando centrá-lo sobre um conjunto de ideias absolutamente fracturantes.
Mas o mais extraordinário é que para um projecto que necessita de apoios alargados no leque partidário, a revisão do PSD nem sequer consiga reunir o apoio unânime do próprio partido proponente.

[...]

Passos Coelho notabilizou-se, como líder do PSD, por servir de bengala ao PS na aprovação das medidas mais gravosas para os portugueses. E na primeira incursão que exigiria mobilização do seu próprio partido, sai o fiasco que está a ver-se com o projecto de revisão. Isto promete.»


Não deixa de ser verdade que Passos Coelho e o PSD erraram quando decidiram apresentar uma proposta com este conteúdo, numa altura em que o país tem outras prioridades e problemas para ultrapassar.
Mas também é verdade que esta proposta só aparece nesta altura porque o país necessita de soluções que o PSD não tem.
E até mesmo nesta proposta o PSD revela-se incapaz de apresentar ideias sem que, pouco tempo depois, não diga que "não estão fechadas" ou que serão modificadas.

Vi Miguel Relvas dizer que uma das propostas do PSD, a da "razão atendível", havida sido criticada de forma demagógica por parte dos outros partidos e, então, por isso iam modifica-la de forma a torna-la mais clara.
Então em que ficamos?! Os outros partidos foram demagógicos em relação à promiscuidade da "razão atendível" ou de facto algo está errado nesta proposta que leva o PSD a altera-la?

Uma vez mais, ficam muitas perguntas no ar.

Mas mais do que a "primeira incursão" ser um fiasco, estou quase pronto a acreditar que é o próprio PSD que se está a tornar um verdadeiro fiasco.

Paulo Portas e o CDS, que até há pouco tempo estavam na iminência de regressarem ao estatuto de partido do táxi, voltam novamente a esfregar as mãos... com mais uns discursos populistas sobre a segurança, agricultura e Rendimento Social de Inserção, abrem-se novas perspectivas.

A frase da semana: Alberto João Jardim

A frase da semana vem a propósito da proposta de revisão constitucional do PSD.

«Esta não é a ideologia do meu PSD. Estou frontalmente contra e estou no direito de estar contra. Expulsem-me, que é um favor que me fazem.»

by AJJ (Alberto João Jardim)

20/07/2010

Reviver a história II

A tão falada reforma constitucional do PSD, entre muitas coisas, e sem conhecer o projecto na integra, parece trazer encapotados dois enormes recuos ao (ainda jovem) processo democrático português assim como à Liberdade: a demissão do Governo pelo Presidente da República (prerrogativa eliminada na revisão de 1982) sem necessidade de recorrer à dissolução da Assembleia e o consequentemente acto eleitoral; e a moção de censura construtiva.
Em ambos os casos podem-se constituir Governos sem que sejam estes os verdadeiros representantes da população - características que normalmente estão associadas às ditaduras, novas e antigas, assim como às monarquias (parlamentares) de séculos anteriores...

Tais situações lembram-me um pouco a história recente do nosso país quando um processo de revisão constitucional, através dum processo iniciado (1931) e concluído (1933) por António Oliveira Salazar, atribuía poderes constitucionais ao "Chefe de Estado" (hoje "Presidente da República") para demitir o "Presidente do Conselho". O problema estava no facto de que todas as decisões do "Chefe de Estado" requeriam a prévia aprovação do Conselho de Ministros e do "Presidente do Conselho". Ou seja, a exoneração do Presidente do Conselho dependia sempre da sua própria vontade.

Será que, com esta proposta do PSD, se está a dar início a um retrocesso político e social?... Ou será esta uma forma de disfarçar o vazio de ideias e soluções para a conjuntura actual?

19/07/2010

Reviver a história

«Mas agora chegou a vez do PREC do CDS. Percebe-se porque razão Portas vai começar a fugir de eleições como o diabo foge da cruz. É que os resultados do CDS nas eleições do ano passado foram empolados num quadro de vitória anunciada do PS e esvaziamento do PSD. Em eleições futuras, com o PSD a aspirar à vitória, lá corre o CDS o sério risco de voltar a chamar um táxi para chegar a São Bento.

[...]

A ideia da salvação nacional lançada por Portas tem um outro aspecto peregrino. Trata-se de reunir num só governo, alegadamente para salvar o País, os partidos que um a um, dois a dois, ou três a três, governam há três décadas. Sozinhos ou acompanhados, o PSD leva 18 de poder, o PS 15, o CDS 8.»


O artigo de opinião de João Paulo Guerra, na integra, aqui.

18/07/2010

"Uma questão de timing" - Por Pedro Adão e Silva

Nova recomendação para a leitura dum texto de Pedro Adão e Silva:

«No debate do Estado da Nação, José Sócrates cavalgou os dados sobre a pobreza revelados nesse mesmo dia. Tem boas razões para o fazer. Há muito que se esperava que a pobreza diminuísse entre 2005 e 2008 e o INE veio prová-lo. É a confirmação de que as políticas fazem a diferença. O efeito combinado dos aumentos do salário mínimo, da diferenciação das prestações familiares e do complemento solidário para idosos aliviou a situação dos mais desfavorecidos. Contudo, estes factos colidem com o que foi a realidade política do período a que os dados dizem respeito. Não é preciso procurar muito para encontrar declarações dos vários líderes políticos a afirmarem que “a pobreza está a aumentar em Portugal”. Contra todas as evidências, Passos Coelho foi o último intérprete desta linhagem, tendo afirmado esta semana que “hoje temos três vezes mais pobres que há 15 anos”.»


O resto pode ser encontrado aqui.

16/07/2010

Uma crise anunciada

Ainda que todos advoguem que a querem evitar, muitos desejam-na secretamente. Ontem, no Debate da Nação, Paulo Portas ainda "lançou a escada" apresentando-se como parte da solução para os problemas que o país enfrenta.

Partilho totalmente da certeza de Pedro Adão e Silva: «vamos ter uma séria crise política a somar à crise económica e social. A única questão é saber quando.»

«[...] Depois temos um governo que tinha um discurso eleitoral e que de facto foi obrigado a abandoná-lo para fazer exactamente o contrário do que propunha como resposta à crise (do investimento aos pacotes de estímulo à economia e ao emprego). Como se não bastasse, o governo precisou do PSD para viabilizar as medidas de austeridade e, quando houver uma moção de censura do CDS, dependerá do apoio do BE e do PCP. No mínimo confuso. Finalmente, temos um Presidente que alterna entre um discurso vago sobre a insustentabilidade da nossa situação orçamental e a necessidade de mais respostas sociais, mas que, de facto, desistiu de promover quer esforços concretos para disciplinar as contas públicas (quando retirou o apoio a Correia de Campos), quer mecanismos que permitam proteger mais os "novos pobres" (a oposição ao novo Código Contributivo).»


Pois parece-me que essa crise política chegará mais cedo do que se pensa. Ainda hoje, o líder parlamentar do PSD dizia na Antena1 que o PSD está pronto para ser Governo mas que só o será em eleições...
Quanto a mim parece-me que não está pronto. Ainda que não lhe falte a fome de Poder, falta-lhe um pequeno pormenor que faz toda a diferença: um programa (propostas, soluções), enfim, ser uma verdadeira alternativa.
E essa falta é reconhecida pelopróprio PSD que na voz de Luis Montenegro afirmou na Assembleia da República que «apresentaremos a nossa alternativa para governar quando os portugueses nos escolherem e só quando nos escolherem».
Fica a ideia de que o que o PSD pede neste momento ao país é que assine um cheque em branco... estranha forma de fazer política (séria).

Tempos de Crise

O que fazer em tempos de crise?!
Numa altura em «que temos hoje no país é impostos a mais, endividamento a mais, despesa pública a mais, riqueza a menos, poder de compra a menos, dificuldades a mais para as famílias e para as empresas»?!
Num país onde «os portugueses hoje não vivem melhor depois de cinco anos de Governo socialista»?!
Num país que «precisa de uma chicotada psicológica forte»?! Num país onde «famílias e empresas já sentem o efeito das medidas de austeridade»?!
O que fazer?!...


A resposta torna-se fácil: comprar um carro novo!!

11/07/2010

A crise do Capitalismo

"A crise do Capitalismo", a visão de David Harvey e animada pela RSA.
.

.

PT, Telefónica e Vivo (em resumo)

Eis que Nicolau Santos na sua crónica semanal do Expresso (Economia) de 03-07.2010 resume muito bem todo este processo:

«Ponto 1. o Estado português fez muito bem em ter utilizado a golden share para impedir a compra da Vivo pela Telefónica. As ofendidas virgens do mercado sobem pelas paredes com o crime. Pois convém lembrar-lhes que se há país que mais tem utilizado o poder do Estado para impedir a compra das suas empresas por estrangeiros tem sido precisamente (adivinhem?) Espanha. Os exemplos abundam no sector energético, no sector financeiro, no mercado de combustíveis. Em Itália, Berlusconi impediu que a mesma Telefónica tomasse o controlo da Telecom Italia. E o que fez a Telefónica? Meteu o rabo entre as pernas e veio tentar comer um osso que julgava mais fácil. E na Gália o Governo francês impediu a compra da Danone por uma multinacional, bem como a entrada de investidores estrangeiros no seu sector energético. As virgens ofendidas do mercado têm muitos países onde ir morrer longe, inclusive em Inglaterra onde ainda existem golden shares!

Ponto 2. Ai, mas coitadinhos dos acionistas da PT, que queriam vender e o Estado não deixou! Em primeiro lugar, os acionistas da PT têm beneficiado de um muito agressivo plano de remuneração das ações após a OPA da Sonaecom. Em segundo, suponho que nenhum acionista da PT desconhecia a existência de uma golden shares do Estado. Se pensavam que a dita cuja era assim uma espécie de berloque para colocar na árvore de Natal, sem outra utilização do que nomear um presidente do conselho de administração, mais uns compagnons de route, problema deles.

Ponto 3. Em todo o processo, quem se portou de uma forma altamente reprovável foi a Telefónica. Avançou para a compra da Vivo sem avisar o seu parceiro de há treze anos. Rejeitada, passou às ameaças: que congelava os dividendos da Vivo, que lançava uma OPA sobre a PT. Nunca aceitou conversar com os três principais dirigentes da operadora portuguesa, apesar de ter sido anunciada publicamente a sua disponibilidade. Depois, nervosa e sem nenhum pudor, vende a sua posição na PT a três investidores pintados para poderem votar na AG. Como as autoridades impedem o truque, desenvolve conversas paralelas com alguns acionistas nacionais de referência no dia anterior à Assembleia Geral para garantir que votarão a favor da proposta se aumentar o preço. E em todo este processo, nunca a Telefónica pediu para falar com representantes do Governo português. Há alguma dúvida de quem se portou de uma forma pesporrenta e arrogante? E sobre este comportamento não há nenhuma crítica das virgens ofendidas do mercado?

Ponto 4. A PT sem a Vivo deixa a Liga de Campeões das telecomunicações e passa a jogar nos campeonatos distritais. Mas Portugal também fica muito pior. Até agora, com a Vivo, a PT é um dos maiores empregadores nacionais, sobretudo ao nível dos jovens engenheiros e gestores formados nas escolas portuguesas; uma das empresas que mais atrai o talento nacional; uma das empresas que mais investe no país, em particular na área da inovação; uma das empresas que mais impostos paga; uma das empresas com mais atividade nas áreas de responsabilidade social. Sem a Vivo, tudo será diferente para a PT e para Portugal. A escala será muito mais reduzida, quase paroquial. É isto que o veto do Estado português ao negócio quer impedir. Por isso, foi muito bem utilizado.
»


Esta semana, 10.03.2010, volta ao tema como mais uma excelente crónica ("A PT e o seu ex-núcleo duro") para relembrar alguns factos da história da PT e alguns dados que normalmente ficam fora destas discussões, terminando de forma inequívoca:

«O que atrás fica descrito demonstra que estas três entidades [BES, Ongoing e Visabeira] são as que menos se podem queixar da decisão do Governo de proibir a operação. E se tivessem vergonha estavam era muito discretamente calados.»

PT, Telefónica e Vivo

Ainda sobre a tentativa da Telefónica (Espanha) adquirir a participação da PT (Portugal) na Vivo (Brasil) e a (boa) decisão do Governo fazer uso da "golden share" para defender o interesse nacional que passa pela manutenção duma parte bastante importante nos resultados duma empresa de um sector estratégico que são as telecomunicações, Marina Costa Lobo proporciona-nos a leitura de um texto interessante, "O Golo (Político) de Sócrates".

Desse texto destaco uma passagem relevante:

«Tomar uma decisão que agrada ao eleitorado não é o mesmo que populismo. Afinal de contas, os chefes de governo são eleitos para representar os interesses dos cidadãos. Se todos os centros de decisão saírem de Portugal, isso será no interesse público? Este tipo de intervenção do Estado é comum noutros países e marca o enorme esforço que os Estados hoje travam com as pressões económicas globais. Esforço inglório, talvez. Mas que não deixa de ser travado um pouco por toda a parte, inclusive nos EUA.


Mesmo que este "golo" político seja invalidado pela "arbitragem" no plano económico, pode haver um efeito positivo na relação com o eleitorado entre Governo, o partido que o apoia e a sociedade. É certo que o desgaste sofrido por Sócrates e o PS junto dos portugueses é muito grande e está relativamente consolidado ao longo de continuada divergência económica e degradação da confiança política. Mas atenção àqueles que julgam que este é um primeiro-ministro rendido aos avanços inelutáveis do PSD nas sondagens. O principal partido da oposição pode ter encontrado um líder que o uniu e que tem boa imagem na televisão. Mas as questões políticas fulcrais neste país, nomeadamente qual deve ser o papel do Estado na economia parecem continuar a separá-lo da maioria dos portugueses. »


É por isto, e por concordar com a análise que faz Marina Costa Lobo, que me parece que as recentes sondagens que dão uma subida na intenção de voto ao PSD baseam-se sobretudo no desgaste deste Governo e do Primeiro Ministro e não nas propostas políticas que Passos Coelho e Miguel Relvas apresentam. Ainda que parcas, essas propostas são contrárias ao sentimento manifestado pela população. O PSD apresenta intenções e ideias para privatizar totalmente grande parte dos serviços prestados pelo Estado, a população quer mais participação do Estado em tudo.

Parece-me também que a "intenção de voto" das sondagens poderá passar ainda pelo sentimento de insatisfações pelas medidas recentemente tomadas, pelas contantes acusações (que até à data se verificam todas infundadas) na comunicação social e, por isso, tratar-se duma "intenção de voto" de castigo, um pouco à semelhança do que aconteceu nas eleições europeias, que costumam servir como o local de "amostragem de cartões amarelos", em que o eleitorado aproveitou para castigar o partido do Governo e em seguida dar-lhe a vitória nas eleições legislativas.

Estou em crer que quando se conseguir fazer desaparecer esta intoxicação a que temos estado sujeitos, tanto com origem na comunicação social como nos partidos políticos, as pessoas consigam efectivamente colocar propostas e obra realizada no prato da balança e fazer a melhor opção.

Não afasto, no entanto, a ideia de eleições antecipadas e provocadas pelo PSD se as sondagens continuarem a mostrar a tendência de voto maioritariamente no PSD.

Puxar da pistola - por Pedro Adão e Silva

Um texto muito interessante que pode ser encontrado no Léxico Familiar.

«Há um par de anos, um grupo de empresários portugueses lançou um movimento para defender os centros de decisão nacionais. Ricardo Salgado, por exemplo, aquando da OPA do BCP ao BPI, e a propósito do papel do banco espanhol La Caixa, afirmava que o BES "está sempre pronto a colaborar no que se refere à construção de uma solução nacional de oposição a eventuais take overs hostis de estrangeiros". Depois do que se passou na quarta-feira, com a disponibilidade revelada por alguns desses mesmos empresários para enviar a PT para as distritais do campeonato mundial das telecomunicações, fica aqui uma promessa: da próxima vez que me falarem em centros de decisão nacionais "puxo logo da pistola". A questão é suficientemente séria. O que está em causa não é a sustentabilidade das contas públicas, é a sustentabilidade do estado-nação, que depende da existência de empresas nacionais internacionalizadas como a PT. E o que fica provado é que não há ninguém com capacidade para defender os interesses do país. É sabido que o mercado é a soma de um conjunto de acções racionais individuais que não resultam necessariamente numa opção estratégica racional. No caso da oferta pela Vivo, é de facto racional para os accionistas privados, a precisarem de liquidez, vender à Telefónica. Mas a consequência desta soma de acções individuais é só uma: amputar a manutenção da PT como empresa com escala e dimensão. O Estado pode usar a golden share para bloquear o negócio, mas o mais provável é a opção ser ineficaz. No fundo, a situação do país é mesmo insustentável: com empresários a apostarem no curto prazo e a desprezarem o interesse estratégico e um Estado frágil, que age com uma ilusão de poder que já não tem, podemos mesmo estar condenados.»

10/07/2010

Casa de sonho

Eis um anúncio publicitário muito bem pensado:
.

.

Momento de leitura I

«Somebody said let's go out and fight for liberty and so they went and got killed without ever once thinking about liberty. And what kind of liberty were they fighting for anyway? How much liberty and whose idea of liberty? Were they fighting the liberty of eating free ice cream cones all their lives or for the liberty of robbing anybody they pleased whenever they wanted to or what? You tell a man he can't rob and you take away some of his liberty. You've got to. What the hell does liberty mean anyhow? It's just a word like house or table or any other word. Only it's a special kind of word. A guy says house and he can point to a house to prove it. But a guy says come on let's fight for liberty and he can't show you liberty. He can't prove the thing he's talking about so how in the hell can he be telling you to fight for it?
No sir, anybody who went out and got into the front line trenches to fight for liberty was a goddam fool and the guy who got him there was a liar.»


In Johnny got his Gun, by Dalton Trumbo


(a ler no momento...)

06/07/2010

Revoltas do Norte.

Há umas semanas, Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto e da Junta Metropolitana do Porto, na sequência da decisão de se começar a cobrar a utilização de algumas SCUT, avisava todo o país naquele seu tom severo e zangado com o mundo que as pessoas do Norte estariam «à beira de se poderem revoltar».

No dia seguinte era Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto e comentador desportivo nas horas vagas, que reforçava a ideia de que estaria para breve um novo "5 de Outubro" ou uma nova "Revolução dos Cravos" (talvez, sugestão minha, podendo adoptar o nome de código "Revolução das Tripas"), dizendo que o "sentimento de revolta no norte vai acabar mal".

Pois bem, a revolta está na rua!! Na primeira grande manifestação visível, coordenada e organizada para demonstrar que nenhum dos Ruis estava enganado e que os avisos ao Governo e ao resto do País (e quiçá ao Mundo) eram para ser levados a sério, juntaram-se cerca de... 100 pessoas! (pena que não consiga encontrar o vídeo da reportagem feita pela RTP!!)
Parece-me que muitos dos revoltosos foram-se manifestar para a praia... mas nada disso terá sido surpresa para a Sra. Flora Silva, Presidente da Assembleia Municipal de Viana do Castelo, justificando a situação com o bom tempo que se fez sentir.

Enfim, prioridades...

02/07/2010

O nosso Capitão...

... a nossa imagem.

Abstenho-me de fazer qualquer comentário...

.

.

ADENDA: Aqui estava um vídeo onde se via o Capitão da selecção portuguesa de futebol cuspir para uma operador de câmara após um jogo de futebol (Portugal Vs Espanha) e mandar uns "bitaites" para o treinador. Por alguma razão que desconheço, o vídeo foi retirado do Youtube porque alguém se deve ter queixado... terá sido o operador de câmara?
Related Posts with Thumbnails