30/01/2011

Pagadores de Crises

Terminei recentemente de ler o livro "Pagadores de crises" do jornalista José Goulão.
Este livro transporta-nos desde a ditadura de Augusto Pinochet no Chile (1973-1990), descrevendo-a como a origem do "neoliberlismo", consequência duma política económica livre de supervisão e entregue aos interesses privados patrocinada pelo FMI, até aos dias de hoje.
Para o autor, Margaret Thatcher e Ronald Reagan foram os grandes prossecutores do neoliberalismo. E faz-se questão que o leitor não o esqueça visto que em todos os capítulos estas três figuras da história estão presentes. Outras vão sendo adicionadas pelo percorrer das páginas como Tony Blair, George Bush (pai e filho), Gordon Brown, Durão Barroso, José Sócrates, Bill Clinton ou mesmo António Guterres. Barack Obama escapa a este rótulo de neoliberal graças aos lobbys que o contrariam.
São, na escrita do autor, todos eles a justificação do mal de todas as crises e do mundo por apadrinharem o neoliberalismo.

Neste livro, a democracia praticada em muitos países nos dias que correm, é descrita como «uma variante corrompida da democracia representativa e da liberdade de escolha» (p. 169), fruto duma globalização controlada pelos mercados e por grupos secretos de intenções duvidosas (e.g. o Grupo Bilderberg), devidamente conduzida por uma comunicação social «manipuladora, preconceituosa, controlada, inibidora da capacidade de crítica, baseada no sensacionalismo [...]».
Tudo isto, segundo o autor, porque os centros de decisão, «que estabelecem [...] o funcionamento e eficácia do pensamento único, funcionam com dogmas e números» (p. 188).

Trata-se de um livro interpretação individual de factos e situações visto que em nenhum momento o autor faz referencias bibliográficas aos dados que vais expondo e interpretando. Mais de 200 páginas onde podemos encontrar todos os aspectos negativos, na óptica de José Goulão, do mundo e do país.

Segundo o autor, «em determinado momento destas reflexões [...] o leitor pode ser tentado a parar para pensar e a considerar estas tese como que inseridas num contexto caricatural, uma espécie de observação da realidade em espelhos deformadores como os das feiras populares [...]».
E é verdade. Várias foram as vezes que parei a leitura com esse pensamento e para discordar do autor, que até na entrada de Portugal na antiga CEE (agora UE) não aponta qualquer facto ou dado positivo.

Fiquei com a impressão de que este livro, escrito numa base exageradamente irónica, até para quem gosta da ironia, como eu, adopta um estilo à "Medina Carreira" mas de esquerda... muito à esquerda.

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