A SIC, hoje, ao fazer notícia sobre a "geração à rasca" mostrou que consegue fazer "jornalismo rasca". Deu-se ao trabalho de fazer um trabalho de comparação entre "Pai" e "Filho" no mercado de trabalho.
Um dos exemplos, e que mostra o carácter científico da coisa, mostra o "Pai", na área da saúde com acesso ao SNS e com um seguro de saúde pago pela empresa. Já o "Filho" só tem direito ao SNS porque "os jovens têm trabalho precário"... nem o meu avô nem o meu pai não tiveram seguro de saúde pago... eu tenho, mas é pago por mim!
Depois, os directos são tramados. Apresentam-nos um exemplo da dramática realidade dos jovens de hoje: um jovem licenciado desempregado! À pergunta do jornalista o jovem responde: "sou licenciado em cinema e acabei o curso há 7 meses".
Um exemplo dum jovem que terminou recentemente a sua licenciatura e não consegue há 7 meses encontrar trabalho na sua área. Na minha opinião, e se era para chocar os espectadores, um exemplo que revela uma escolha errada!
Há muitos jovens que há muito mais tempo estão à procura de emprego e não conseguem!
Mas continuando na reportagem, e depois de tanto acentuar o drama daquele jovem, o jornalista ainda foi interrompido pela mãe do jovem que queria terminar o directo dizendo: "espero que o nosso filho não tenha que ir para o estrangeiro como nós quando começámos a trabalhar"!! Então, pelos visto, a "geração à rasca" já não é de hoje!
Consegui, apesar da insistência da jornalista Clara de Sousa num cenário negro em Portugal para os jovens licenciados, ouvir as palavras do reitor da Univ de Coimbra dizer que este não é um problema exclusivamente português ("raios", deverão ter pensado os arautos da desgraça) e ainda do responsável do IST a falar das altas taxas de empregabilidade dos seus licenciados e de que não não vem nenhum mal ao mundo se os jovens tiverem que ir para o estrangeiro porque lá fora não há qualificações como as nossas!
Lembremo-nos que, muito recentemente, na Alemanha falava-se na possibilidade de importar jovens licenciados nas áreas de tecnologias em virtude da sua escassez desta "matéria prima".
E já agora: "a taxa de desempregados com menos de 25 anos é o dobro da média nacional" anunciava em rodapé a SIC, mas pergunto eu: "e, então, qual é grandeza da taxa de desempregados com mais de 25 ou até de 45 anos em relação à média nacional?"
... entendo o desemprego como o maior dos males das sociedades, mas mais me revolta ver uma pessoa com mais de 35, 40 ou 50 anos à procura de um emprego e com poucas esperanças em o conseguir, do que um jovem que terminou o seu curso há pouco tempo e não consegue um emprego naquilo em que gostaria de trabalhar.
Este tema não é um tema com que se deva brincar, muito menos para "vender" jornais ou notícias. É muito sensível e deve ser lidado com seriedade!...
Há rascas e rascas, mas o que vi hoje foram alguns jornalistas rascas!
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