Não tenho quaisquer dúvidas que é Sampaio da Nóvoa o candidato necessário para responder às exigências que se adivinham para o próximo Presidente da República.
Claro de ideias e esclarecido nas propostas, e todas elas tornadas públicas há muito tempo de forma continuada para que todos possam fazer a sua escolha informada, Sampaio da Nóvoa é a antítese daquilo que foram estes últimos 10 anos de Cavaco Silva como Presidente da República.
Mas mesmo consciente das minhas convicções e ideais, esclarecido quanto às opções e certo daquilo que quero para o futuro, nada me impede de ouvir os restantes candidatos, bem como conhecer as suas ideias e propostas. Entre uns mais conhecidos do que outros, uns "políticos" outros nem tanto, procurei, muitas vezes sem encontrar, tudo o que pudesse ser visto, lido e ouvido sobre a visão dos restantes candidatos já declarados - mais 19 para além de Nóvoa.
E foi no âmbito dessa tarefa que consultei também o site da outra candidatura, dita de esquerda, que recolhe mais atenção por parte da comunicação Social - Belém 2016, lançada a 13 de Outubro (há 22 dias, portanto).
E infelizmente, à semelhança do que sucedeu quando procurei informação sobre outros candidatos menos fotogénicos ou menos interessantes para parangonas de jornais, também neste caso continuo sem conhecer uma ideia, uma visão, uma proposta da candidata Maria de Belém. Consultando o seu site oficial de campanha, ao visitante apenas é disponibilizado um único link para os documentos necessários para a propositura da candidatura. Sem ideias públicas e expressas passíveis de serem consultadas por este meio, parece que esta candidatura pede ao visitante, a poucos meses das eleições e numa fase muito crítica para Portugal, uma "assinatura em branco".
Tendo escutado algumas das suas declarações, sobre a actualidade política, como «não gostaria de me pronunciar sobre isso» ou «não posso comentar porque não estou na posse de toda a informação que o actual Presidente da República dispõem», não gostaria de acreditar que este é o reflexo desta candidatura, da forma como foi precipitada e lançada: um enorme vazio de ideias.
Poder-se-á, no entanto, dizer que o vídeo na única página do site poderá (poderia!) ser uma ajuda ao esclarecimento do visitante e que este terá através do meio audiovisual disponível um cabal esclarecimento do que pretende ser esta candidatura a quando o hipotético exercício do cargo. Mas não!
Não sendo um conhecedor em técnicas de comunicação (embora tenha, momentaneamente estudado marketing político), o vídeo causa alguma estranheza pois salta à vista uma imitação - e mal feita, diga-se - do "O" da campanha de Obama às presidenciais dos EUA em 2012 e ainda mais o facto do movimento das linhas com as cores da bandeira nacional se deslocar para o interior do "O" (zero, neste caso) - cuidado com a semiótica: é que, aos eleitores, pode estar a ser dado um sinal de entrada para o desconhecido...
Mas imagens à parte: ouve-se um discurso, para além de editado (estranho corte aos 9 minutos e 38), com muitos lugares comuns e mensagens inócuas, no qual se esperaria ouvir e conhecer mais. Esperar-se-ia uma apresentação clara de princípios e de compromissos.
Afinal, trata-se de uma candidatura ao cargo de Presidente da República, de alguém que «não nasceu hoje para a política», e não de uma candidatura a um cargo de auditoria de defesa nacional...!
Não basta citar a Constituição da República Portuguesa, ou falar nos feitos históricos de Portugal. Não chega apenas a apresentação de um Curriculum Vitae com os cargos e (algumas) posições ocupadas no passado - é que não se pode começar por dizer que o cargo exige independência e capacidade para estabelecer pontes para depois apresentar como evidência da sua «maturidade e visão políticas» uma carreia politico-partidária. E até aí, muito há que se lhe diga no que toca à gestão independente de situações partidárias.
Mas a cima de tudo, não chega fazer-se um discurso cheio de retórica, apresentar uma candidatura quase como um chamamento pelo bem e glória dos portugueses, para depois dizer que «o mandato é claro», que «o programa do Presidente da República é a Constituição».
Enganam-se, e enganam, aqueles que assim pensam. A discussão faz-se de ideias.
Sem comentários:
Enviar um comentário