Varias vezes escrevi aqui sobre os partidos políticos e a importância que estes representaram, representam e, acredito, representarão para os Estados democráticos e na manutenção daquela que é a principal característica destes: a Democracia.
O afastamento entre governantes e governados, entre eleitores e políticos, isto é, entre os cidadãos e os partidos políticos, é cada vez maior.
Peter Mair atesta esse mesmo afastamento no seu último trabalho, Ruling the Void - The hollowing of western democracy:
«[...] parties are increasingly failing in their capacity to engage ordinary citizens, who are voting in smaller numbers than before and with less sense of partisan consistency, and are also increasingly reluctant to commit themselves to parties, wether in terms of identification or membership. In this sense, citizens are withdrawing from conventional political involvment. [...] the parties can no longer adequately serve as a base for the activities and status of their own leaders, who increasingly direct their ambitions towards external public institutions and draw their resources from them. Parties may provide a necessary platform for political leaders, but this is increasingly the sort of platform that is is used as a stepping stone to other offices and positions. Parties are failing, in other words, as a result of a process of mutual withdrawal or abandonment [...]»
Se dúvidas existissem sobre a constatação, científica e empírica, deste distanciamento crescente entre os cidadãos e a política, uma rápida consulta aos números resultantes dos actos eleitorais dos últimos anos (sejam legislativas, presidenciais, autárquicas ou europeias) facilmente seriam desfeitas.
Não obstante os partidos políticos reconhecerem estas evidências, o que eu não estou certo é da sua capacidade, ou mesmo de alguma vontade, para inverter esta tendência perigosa - o alheamento é a base da desresponsabilização.
Porque a política se faz com pessoas, continuo a acreditar que a mudança da situação actual se fará como no passado: com a adesão dos cidadãos à militância política em partidos ou movimentos (com as devidas limitações destes últimos), e, dessa forma, através da transformação e debate de ideias.
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