21/07/2013

Livro: Atentado ao Pudor

"Atentado ao Pudor" ("Indecent Exposure" no original, 1973) de Tom Sharpe, autor britânico recentemente falecido e que possuía um excelente humor negro, é a sequela do "Balbúrdia na Cidade" ("Riotous Assembly") de 1971. A continuação da saga do Kommandant Van Heerden e, surpreendentemente, do Konstabel Els é mais uma história repleta da sátira e do humor muito peculiar a que Sharpe habituou os seus leitores.


«O Sargento desceu à morgue da Polícia, onde o médico estava a fazer uma autópsia num Africano que tinha sido espancado até à morte no interrogatório.

- «Morte natural» - escreveu na certidão de óbito, antes de atender o Sargento Breitenbach.»

Foram passagens como esta, escritas em pleno Apartheid, que continuaram a irritar as autoridades sul africanas (que já o tinham expulso da África do Sul no início dos anos 60) e com as quais Sharpe apontava a perversão e o ridículo do regime que se viveu naquele país africano entre 1948 e 1994.

Sharpe tinha esta capacidade: o uso da sátira de forma inteligente e muito divertida para a exposição do ridículo das situações políticas e sociais.

"Atentado ao Pudor" é mais um livro capaz de proporcionar alguns momentos de gargalhadas e boa disposição cuja leitura recomendo. Ainda não posso dizer que tenho toda a sua bibliografia lida, mas já falta muito pouco, mesmo muito pouco...


Sinopse:

«O Kommandant Van Heerden, que o leitor já conhece de Bálburdia na Cidade, convencido de possuir um coração de gentleman inglês, em consequência do transplante a que foi submetido, passa a cultivar sinais exteriores de inglesismo, inscrevendo-se no clube de golfe de Piemburg, onde conhece Mrs. Heathcote-Kilkoons, uma cinquentona bem conservada e provida de carnes, que o vai arrastar para as mais loucas aventuras.

O Luitenant Verkamp continua com as suas velhas obsessões e, temporariamente no comando, aproveita para pôr em prática dois fabulosos planos da sua autoria: um para acabar com as «perversões» sexuais na polícia, outro para apanhar uma suposta rede de sabotadores comunistas. Acaba por enlouquecer, sendo entregue aos cuidados da sensual e atrevida Dra. Von Blimenstein, que usando de chantagem, o tenta obrigar a casar. No final, porém, tudo se compõem e a paz e os Valores da Civilização Ocidental voltam a reinar em Piemburg.»

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