14/09/2012

Pela ribanceira a baixo

Hoje, 13 de Setembro, com mais uma entrevista fantasiosa na mesma tónica com que este Governo nos tem vindo a brindar, e isolado do contacto directo com as pessoas, Pedro Passos Coelho mostrou uma clara e profunda ignorância sobre o que estava a falar e sobre a realidade do país!
... ficámos a saber que a opção pelo aumento da contribuição/imposto para a Segurança Social se deveu ao facto de haver mais consumidores do que trabalhadores;
... ficámos a saber que a quebra no consumo se deu porque as pessoas que têm mais recursos decidiram fazer poupança em vez de consumir;
... ficámos a saber que Passos Coelho não conhece a "lei da oferta e da procura" porque está convencido que mesmo sem rendimento o aumento da oferta provoca um aumento da procura;
... ficámos a saber que um dos maiores apoiantes na campanha eleitoral de Passos Coelho se quiser continuar a vender tem de baixar os preços;
... ficámos a saber que não conseguindo actualmente controlar preços (combustíveis, electricidade, gás ou água, por exemplo) acredita piamente que reduzindo os custos do trabalho vai conseguir impor e controlar os preços forçando a sua descida;
... ficámos a conhecer que o responsável máximo deste Governo não conhece a lei da concorrência porque quer concessionar a RTP a privados mas só portugueses e barrar a possibilidade a outros operadores no mercado;
... ficámos a saber que o homem que tudo quer fazer por Portugal, custe o que custar, nem sequer consegue reconhecer os seus erros ou assumir a responsabilidade (a culpa, mas já com um ano e meio de políticas desastrosas, continua a ser do outro!);


... ficámos a conhecer melhor, se é que ainda fosse preciso, a enorme incompetência com que somos governados!... pior, ficámos a saber que nem sequer conhece a teoria daquilo que pretende aplicar!



Se houver interesse na comparação, há quase um ano era este o discurso!!

11/09/2012

Alô!?... está alguém ai em cima?

Alexei Maximovich Peshkov, também conhecido como Maxim Gorky, escreveu um dia que «a liberdade de pensamento é a única, e bem preciosa, liberdade acessível ao homem. E só a possui aquele que, nada aceitando por dogma, explora tudo, aquele que compreendeu bem a continuidade da evolução, o seu movimento infatigável, a perpétua mutação dos fenómenos».

Também se compreende que quem adere a partidos políticos ou outra qualquer associação terá que comungar por vontade própria, pelo menos, com as linhas orientadores que servem de base à sua edificação.
Até mesmo para ex-comentadores como Carlos Abreu Amorim, que de repente se transformam em vice-presidentes de grupos parlamentares na Assembleia da República.

Mas uma coisa é partilhar e defender ideias de pessoas ou colectividades, outra é render-se à total ausência de ideias e pensamentos próprios... mesmo para pessoas como Carlos Abreu Amorim.

09/09/2012

Interpretações deficitárias

Na Assembleia da República, a 14 de Outubro de 2011, o Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho no debate quinzenal, sem esconder que «no início do [s]eu mandato disse logo que tinha que ir mais longe que a 'troika'» defendeu a aplicação de medidas de austeridade em Portugal com a seguinte declaração:


Hoje, quase um ano depois, é claro e inequívoco que essas medidas, que entretanto foram precedidas de mais medidas penalizadoras para os portugueses, não surtiram qualquer efeito positivo. Pelo contrário, agravaram a situação da economia portuguesa e das condições sociais em Portugal.

Quando é quase certo o falhanço da meta prevista de 4,5% do valor do PIB crendo-se que, na melhor das hipóteses poderá ficar por um défice de 5,3% do PIB, que será que Pedro Passos Coelho tem a dizer?

E este défice, resultado das suas medidas, já é seu?





Uma oportunidade mais ou menos




11 de Maio de 2012:

«[...] estar desempregado, não pode ser para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem que ser um estigma. Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade.»
Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro (na tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e a Inovação, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa)



9 de Setembro de 2012:

«Porém, para muitos Portugueses, em particular os mais jovens, essa recuperação não tem gerado aquilo que mais precisam neste momento: um emprego. Quem está nessa situação sabe bem que este é mais do que um problema financeiro - é um drama pessoal e familiar [...]»
Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro (na sua página do Facebook)



Perante mais uma incoerência nos discursos do Primeiro-ministro, só mais uma, no final, ficamos sem perceber se o desemprego é uma oportunidade dramática ou drama oportunista...

Excentricidade intelectual

Fotografia © José Carlos Pratas - Global Imagens
Quando há umas semanas, mais concretamente a 11 de Agosto de 2012, li no suplemento "Economia" do semanário Expresso a crónica de Daniel Bessa fiquei absorto com a regozijo pela queda das importações e o aumento, menos acentuado, diga-se, das exportações das empresas portuguesas: «Portugal está mais pobre, mas voltou a ser uma economia sustentável, não absorvendo mais do que produz.»

Sem explicar a verdadeira razão por trás deste argumento, isto é, sem explicar que a enorme queda das importações se dá pela brutal perda do poder de compra dos portugueses, Daniel Bessa lá foi dando graças ao Governo por tamanho feito.

Esta semana, "no mesmo local e à mesma hora" Daniel Bessa brinda-nos novamente com a sua excentricidade intelectual (fiquemo-nos por esta expressão, bem mais simpática que aquela que, verdadeiramente, me apetecia aplicar). Desta vez, porque seria de tamanha hipocrisia e ridículo a utilização do seu panfleto de campanha para uma defesa do Governo no que diz respeito a uma longínqua hipótese do cumprimento da meta do défice para 2012: 4,5% do PIB.
Assim sendo, e porque é importante a defesa daqueles dirigem um país imaginário, que só eles vêem, para evitar uma maior desonestidade intelectual Daniel Bessa presenteia-nos com outra conclusão singular:

«Um défice de 5,3% do PIB, apesar de superior ao objectivo de 4,5% do PIB, tudo ponderado [...], é um bom resultado. [...] Se o défice de 2012 ficar nos 5,3% do PIB, os sacrifícios terão valido a pena.»

Com a mesma facilidade com que achamos ridícula a excentricidade física, podemos considerar que facilmente se caminha para a insignificância quando se faz uso da excentricidade intelectual.

07/09/2012

A importância dos programas eleitorais

É de senso comum que, na grande maioria dos casos, os políticos em disputa eleitoral, mal aconselhados/assessorados ou no calor do momento, têm tendência para fazer promessas muitas vezes irrealistas.
Estas promessas e compromissos eleitorais, normalmente, causam tanto impacto juntos dos eleitores que conseguem (quase sempre de forma propositada) fazer sombra sobre outras intenções que se podem constituir menos populares ou atractivas na luta pelo voto.


Recentemente ficou-se a saber pelo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, que o número de escalões de IRS será reduzido com vista à sua simplificação. Ora uma medida destas, e não é necessário ser fiscalista para o perceber, irá agravar a carga fiscal para alguns contribuintes, principalmente os dos escalões mais baixos que, numa tabela reduzida, verão os seus rendimentos taxados com uma percentagem mais elevada pois esta terá de abranger o maior número possível de rendimentos ainda que dispares. Parece que esta visão, é partilhada por quem entende, efectivamente, do assunto.



Mas agora que esta medida do XIX Governo Constitucional de Portugal, e é mais uma entre muitas, começa a ter ecos de descontentamento na população portuguesa, que tem sido carregada de medidas de austeridade e que a estão a conduzir para o desconhecido mas com níveis sociais praticamente identicos aos de séculos anteriores, apetece perguntar:



Quantos daqueles que pertencem aos 2.159.742 eleitores que votaram no PSD e que agora serão penalizados e reclamam por mais uma medida com efeitos negativos nas famílias se deram ao trabalho de ler a página 94 do Programa Eleitoral do PSD que foi a sufrágio em 5 de Junho de 2011?



Para quem não leu [propõe-se a] «Revisão do imposto, visando a simplificação do mesmo, com redução do número de escalões no médio/longo prazo, optimização dos benefícios e deduções, aproximação da tributação entre as várias categorias de rendimentos [...]»



Curiosamente, não se pode dizer que o Governo, desta vez, tenha enganado os portugueses...



Por isso, e para que o voto seja um voto informado e não com o propósito de castigar um candidato ou um partido, é importante ler ou conhecer minimamente os programas eleitorais antes de eleger um Governo... mas essa é também uma responsabilidade dos partidos - as campanhas deveriam pensar em trocar a esferográfica, o saco ou a bandeira por programas eleitorais!
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