23/11/2010

Greve? Não obrigado!

Apesar de reconhecer que as coisas não estão bem, consciente de que poderiam ainda estar piores, acho que uma greve geral ou parcial nesta altura pouco ou nada vem acrescentar de bom... Além disso, aqueles que acusam o Governo de tomar medidas sem olhar os exemplos da Grécia e da Irlanda, acabam também eles por não seguir o seu próprio conselho: considerar os exemplos dados por esses mesmos países. Até hoje, ainda não consegui que nenhum dirigente sindical, ou outro, me explicasse o que acrescentaram de positivo as greves realizadas nesses países. O que acrescentaram de mau eu vi e percebi... agora o resto, ainda está por esclarecer!

Depois vemos o jogo das duas centrais sindicais portuguesas. João Proença (UGT) disse que «Achamos que o OE deve ser aprovado na Assembleia da República, mas porque é um mal menor, uma vez que achamos que é um mau orçamento». Já Carvalho da Silva (CGTP-IN) também gostava de ver o OE2011 aprovado pois «Há formas diversas de o governo conseguir encontrar caminhos que viabilizem o orçamento».

Afinal, parece que ambos convocam uma greve geral para combater (!?) aquilo que desejaram ver concretizado...

Mas ainda que os jornais tivessem deturpado as palavras dos líderes sindicais (o que acontece vezes demais no nosso jornalismo) tive uma oportunidade flagrante de ouvir as explicações de 2 dirigentes da organização sindical na qual estou filiado. Confesso que se tivesse, inicialmente, uma vontade de participar nesta acção de protesto, essa vontade desfazia-se naquele momento. Fui, conjuntamente com mais alguns dos presentes naquele plenário, brindado com justificações para a greve como: «todos os escalões da administração pública vão levar cortes nos vencimentos»; «o governo prepara-se para abrir a porta a que os privados façam o mesmo» (o que já ficou claro que não irá acontecer); «estas medidas de austeridade não serão as únicas e são impostas pelo Clube Bilderberg, onde esteve Teixeira dos Santos e só 1 jornal é que falou nisso»; «existe a intenção do governo em ter números de desemprego altos»; «que a nacionalização do BPN foi só proteger alguns poderosos envolvidos no problema de polícia» (ainda que não tivessem sido capazes de explicar as consequências de não ser nacionalizado); ou até mesmo que «a transferência dos fundos de pensão da PT para a Segurança Social foi tapar um buraco da PT que não tinha o dinheiro» (ainda que não se percebesse então por que razão o acordo teve o aval dos sindicatos); entre outras coisas.

Serão estes os argumentos que fundamentam uma greve? Seja esta ou qualquer outra?

Se for para fazer uso do direito consagrado no artigo 57º da Constituição da República Portuguesa contem comigo, mas só com objectivos e motivos claros, coerentes e bem definidos. Em greves só 'porque sim', não alinho.

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