Porque o Governo diz que a despesa pública se manteve inalterada em relação a 2011, isto é, diz-nos a DGO que a despesa do Estado em 2012 foi igual à de 2011, vamos lá tentar fazer um desenho para alguns comentadores e optimistas da direita que dizem que isto é muito bom também perceberem:
(... e porque o Governo considera vencimentos, subsídios e pensões como "gorduras do Estado")
- No ano de 2011, mesmo depois de Passos Coelho ter dito que seria "um disparate", o Governo decidiu cortar sensivelmente 50% dos subsídios de Natal (entre outros cortes de vencimentos). Vamos tornar as coisas simples: cortou 25% dos (dois) subsídios;
- No ano de 2012, o mesmo Governo decidiu que as pessoas recebiam subsídios a mais e decidiu cortar os dois subsídios. Na linguagem simples, cortou 100% dos (dois) subsídios;
- Na prática, só o corte nos subsídios representa um corte na despesa de 15% com salários em relação a 2010 e 11% em relação a 2011;
- A estes 11% devem ser adicionados, aproximadamente, 5% (uma vez que os valores variam de 3,5% a 10%) das reduções remuneratórias dos vencimentos dos funcionários públicos (a cima dos 1.500€), e chegamos ai a uns, aproximadamente, 16%;
- Aparece o primeiro dado estranho: se a despesa "com pessoal" conta com aposentações e saídas da Administração Pública, que esse valor seja de 17,9%... as saídas apenas representam 1,9%?
- Mas, diz-nos a DGO, que a despesa com os juros aumentou 13,9%... e aqui aparece outra dúvida. Se por um lado temos -17,9% e por outro temos +13,9%, então a "despesa" não devia ser "=0%" mas sim "=-4%", ou seja, deveria ter havido uma redução da despesa em 4%
- Assim, facilmente percebemos que, se não considerarmos a subtracção dos subsídios nem o aumento com os pagamento de juros, o Estado aumentou a sua despesa em 4%...
Então, se isto é mesmo muito bom e mais uma evidência da boa gestão dos dinheiros públicos, em que raio de rubrica orçamental, e porquê, o Governo teve de aumentar 4%?!... Há coisas que a matemática não explica...