«Os receios produzidos pela economia tornam os problemas da Europa mais presentes na consciência das populações e atribuem-lhes uma importância existencial maior do que nunca. As elites políticas deveriam encarar este impulso invulgar à problematização como uma oportunidade e reconhecer o carácter excepcional da situação actual. Mas os políticos também se transformaram, há muito, em elites funcionais: deixaram de estar preparados para uma situação que escapa à abordagem administrativa habitual a reboque das sondagens, exigindo uma forma política diferente, uma forma que forja mentalidades.»
A confirmarem-se aqueles relatos, e alguns são tão pormenorizados que cimentam a ideia que de as fontes estiveram efectivamente envolvidas directamente em todo este processo, ficam claras as várias jogadas de bastidores, "traições" e mentiras deliberadas de alguns dos protagonistas. Conclusões a que cada leitor pode facilmente chegar!...
... eu retirei as minhas, reforcei algumas das minhas suspeitas e ideias sobre o carácter e a personalidade de alguns dos intervenientes. Abstenho-me de as exprimir aqui.
O pior, é que os acontecimentos provocados pelos "responsáveis" políticos neste processo, que se iniciou em 2007, intensificou-se com as eleições de 2009 e 2010 (legislativas e partidárias) e culminou em 2011, mostram aquele que é o lado mais negro da Política e aquele que deve ser combatido.
A Política não é isto, ou pelo menos não deveria ser...
Uma forma de escrita que agarra o leitor!
SINOPSE:
O ambiente entre o primeiro-ministro e o seu ministro das Finanças era tenso. Portugal estava no centro das notícias. Vai ou não haver pedido de resgate? À saída de um almoço com os seus quatro secretários de Estado, Teixeira dos Santos disse-lhes uma frase enigmática: «Até ao fim do dia, algo farei!». E cumpriu o prometido. Depois de mais uma, a última, discussão com José Sócrates deu uma entrevista ao Jornal de Negócios. O título «Portugal vai pedir ajuda externa» marcou o destino do país e correu Mundo. Quando José Sócrates pôs os olhos no jornal, não se exaltou, como era seu costume. Fora traído. A partir de mais de 60 conversas reservadas com membros do anterior Governo e da oposição, diplomatas e membros de instituições internacionais, jornalistas e diretores de órgãos de comunicação social, conselheiros de Estado, banqueiros e pessoas ligadas ao setor financeiro e parceiros sociais, os jornalistas David Dinis e Hugo Coelho reconstroem a difícil teia dos acontecimentos que antecederam o pedido de ajuda financeira a Portugal: as conversas, os dilemas, as discussões, as difíceis negociações com a troika e sobre o memorando que condiciona os nossos dias de hoje.
- O dia em que Sócrates se zangou com o FMI.
- Como Cavaco Silva soube das negociações secretas com a Comissão Europeia e o BCE.
- As reuniões entre José Sócrates e Passos Coelho: o que aconteceu realmente.
- Como Sócrates preparou a sua saída.
- A carta em que Passos pediu margem para não cumprir as metas.
Das frases que fazem História: «A verdade é que só a concentração de votos no PS poderá travar a agenda liberal aventureira e perigosa da direita contra os serviços públicos e pelo recuo da protecção social do Estado.» José Sócrates, 13 de Abril de 2011
Das frases que fazem História: «Não podemos estar sempre a dizer que não precisamos de ajuda, que a execução do orçamento está a correr impecavelmente, mas depois temos de aumentar impostos, cortar nas reformas, fazer muitas outras coisas - nomeadamente, aquelas que o Governo se tinha comprometido a não fazer quando fez o acordo com o PSD para viabilizar o orçamento, que era não tocar nas despesas que as famílias têm na educação, saúde e habitação, e não tocar no IVA dos produtos essenciais. Tudo isso hoje voltou à agenda do dia. [...] e precisamos de fazer isto tudo porquê? Porque está tudo bem ou porque está tudo mal? [...] não viabilizaremos estas medidas [PEC IV].» Pedro Passos Coelho, 12 de Março de 2011